sexta-feira, 17 de maio de 2013

Eu sou contra a adoção

Eu sou contra a adoção. Sou contra qualquer tipo de adoção. Sou contra os pais morrerem enquanto as crianças são pequenas. Na verdade sou contra os pais morrerem e ponto final. Sou contra as famílias de acolhimento. Sou contra as instituições de acolhimento de crianças. Sou contra a retirada das crianças da família biológica. Até sou contra as crianças sem pais, seja por morte ou abandono.
No meu mundo ideal nada disto existe porque todas as crianças que vivem são amadas, estimadas e cuidadas pelos pais. No meu mundo ideal, nem há crianças órfãs porque quando os pais morrem, aqueles que têm mesmo de morrer, há tios, primos e amigos que cuidam dos filhos que sobrevivem como se fossem seus filhos.
O problema é que o meu mundo ideal não existe. No meu mundo real, nestes últimos dias até aqui na sala ao lado, há mulheres que levam pancada do marido que bate também nos filhos, há miúdos que saltam de casa em casa entre a mãe que os abandonou, o pai que os maltratou e a família de acolhimento mal escolhida que não os deixa ir à escola. No meu mundo há famílias separadas pela pobreza, há crianças abandonadas em lares porque têm deficiências.
No meu mundo, há uns 15 anos atrás, vi chegar a um lar de crianças em risco uma menina de 10 meses com uma cabeça do dobro do tamanho normal, dos maus tratos que tinha recebido pela família biológica. Vi a cabeça a diminuir até ao tamanho normal. Vi-a chorar cada vez que saía de um colo. E foi assim até ao dia em que se iniciou o processo de adoção. Quando uma mulher solteira começou a visitá-la, a levá-la a passear, a dar-lhe colo só a ela, a levá-la para casa, vimos a Catarina pequenina a crescer, a melhorar dos problemas gástricos, a começar a sorrir e a ficar sozinha no chão bem-disposta. Estava a decorrer à frente dos meus olhos a transformação que o amor exclusivo significa na vida das crianças: melhoria da saúde, melhoria do desenvolvimento, melhoria enorme da felicidade.
Eu não sei o que fazia a mãe da Catarina na sua vida sexual. Nem me interessa. Tenho a certeza do que vou dizer, tanto que não me importo de ser dogmática: para a criança não faz uma diferença profunda se um pai, uma mãe, dois pais ou duas mães são homossexuais ou heterossexuais. O que faz diferença é se há um amor individual e bom para cada criança. A sociedade e as criancinhas da escola até podem gozar com a história e a família de cada um. Não faz diferença se no final do dia cada criança tiver quem a abrace e lhe dê beijinhos, se tiver quem a queira, quem lhe dê segurança. É só isto que tem de contar nos processos adoção. Hoje demos um belo passo neste sentido. Viva a Assembleia da República! Espero que mais passos sejam dados em breve!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Mãe também lê

O Pombo Inglês é daqueles livros estranhos que me faz quase desistir para no último capítulo que me proponho a ler acontecer qualquer coisa, uma pequena coisa, que me faz aguentar mais um bocado. Aguentar, sim, é o termo, que a vida do rapaz personagem principal é dura, a linguagem é feia, a mãe é uma imigrante desgraçada, a tia queima os dedos para não ter impressões digitais, há um puto morto... enfim, não é bonito assistir.
Apesar de tudo, Harrison, a personagem principal, consegue encontrar sinais mágicos, de graça, de beleza na realidade da narrativa. E eu, e suponho que o leitor comum também, sorrio e é por isto, também, que continuo a ler.

O Pombo Inglês é o primeiro livro do Stephen Kelman e foi editado cá na terra pela Teorema.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Portugal entre os melhores para ser mãe. Será?

Portugal entre os melhores países do mundo para se ser mãe. Este é o título da notícia publicada ontem no Público a propósito do relatório da Save the Children, que coloca Portugal na 13ª posição, de um conjunto de 176 países.
O relatório chama-se "Sobreviver ao primeiro dia - o estado das mães no mundo em 2013." O relatório está disponível on-line e ao lê-lo dá para perceber que os critérios valorizados são as condições de nascimento, o apoio às mães, os cuidados de saúde materna e infantil. Não tenhamos dúvidas: Portugal fez um caminho extraordinário e hoje a mortalidade infantil é muito reduzida, as mortes por complicações no pós-parto são praticamente inexistentes. O sistema de saúde nacional funciona bastante bem para mulheres e crianças. Tudo isto é maravilhoso. Mas é muito diferente de Portugal ser o 13º melhor país para ser mãe.
O envolvimento das mulheres em Portugal no mercado de trabalho é, segundo o Eurostat, superior à média europeia e isto, digo eu, está mais relacionado com os salários baixos do que com a vontade de não nos dedicarmos à família. A remuneração das mulheres em Portugal é em média inferior à dos homens que ocupam funções semelhantes. A rede pré-escolar não cobre todas as necessidades (e falarei disto, na primeira pessoa, muito em breve), sendo inexistente antes dos 3 anos. Ah, há também os preconceitos que dificultam a empregabilidade das mães e aquela coisa estranhíssima de uma pessoa querer cumprir o horário de trabalho para ir buscar os filhos à escola que está quase a fechar.
Ser mãe é mais que parir. Felizmente que em Portugal podemos dar à luz em excelentes condições. Mas falta o que se segue.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Exames de fim de ciclo

Os exames do 4.º ano são um problema? Ou são vários problemas? Desculpem, ouvi o senhor de uma associação de pais a dizer que nem na faculdade se fazem provas com 2 horas e 40 minutos e só me apetece perguntar em que faculdade é que ele andou.
Há mais questões, não é? A criança ficar marcada por uma nota má... A pressão que a criança sofre sem necessidade... A possibilidade de a criança por causa dos nervos não conseguir ter um bom desempenho... Pois, não percebo.

Bom, se alguém me souber explicar como é que os exames da 4ª classe prejudicam as criancinhas agradeço que me deixem aqui nos comentários a explicação. É que eu não entendo.