quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Uma pergunta para a hierarquia da Igreja:

Qual é o melhor contexto para criar uma criança?

Um casamento gay
Um casamento entre um muçulmano e uma portuguesa
Um casamento entre dois católicos
Ou
Um marido que bate no marido
Um marido que bate na mulher
Uma mulher que bate no marido
Uma mulher que bate na mulher
Ou
Um casamento feliz
Um casamento tortuoso

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Partir os dentes? Só em Lisboa e das nove às cinco!

Já me tinham avisado. “Olho nele, agora que começa a andar.” Pois a criança, menos de um mês depois de cair de cabeça no chão, resolveu atirar-se de uma caixa de cartão, para aterrar com a boca. Entre uma hemorragia difícil de estancar, um dente que parecia desaparecido e outro que parecia partido e completamente negro, fomos quase a chorar (eu, o pai e o filho), para as urgências do Hospital do Barreiro.
O atendimento foi rápido e a equipa (das enfermeiras à pediatra) foi excelente tanto no diagnóstico como na forma como nos trataram. A pediatra concluiu que o melhor era o meu filho ser visto por um estomatologista e assim começou a confusão:
- Primeiro ligou para o Hospital Dona Estefânia e ficámos a saber que naquele que é o Hospital dedicado às crianças, as crianças não podem partir dentes porque... não há esta especialidade.
- Dali, qualquer doente deveria ser encaminhado para o Hospital de São José. Mas, apesar do protocolo, São José não aceita crianças para estomatologia. Porquê? Provavelmente porque não apetece...
- Então a médica do Hospital do Barreiro teve que contornar o protocolo, ligar para Santa Maria, e pedir o favor de o sr. dr. estomatologista de serviço receber a criancinha, que não estava muito mal mas os pais estavam muito preocupados... Com resistência por não estarmos na área de influência do Hospital, e por grande favor, o sr. dr. lá disse que sim, que podíamos ir.
Lá fomos e fomos atendidos com celeridade e simpatia. O médico explicou-nos tudo e tratou-nos de igual para igual. Aparentemente vai ficar tudo bem, conserva os dois dentes e se algum ficou muito danificado, cai antes do tempo mas não é de esperar problemas.
Quando saímos, com alta, o sr. da recepção despediu-se assim: “E tiveram sorte. Se fosse depois das cinco já não eram atendidos.”

A quem é que contamos isto? A quem é que explicamos que este sistema de protocolos que não funcionam e urgências que não têm especialidades a todas as horas é tão estúpido que os próprios médicos desesperam? Como é que é suposto alguém trabalhar com gosto nesta confusão? Como é que se consegue não desistir de um tratamento mais difícil? Podem a ministra e os seus adidos passar um dia inteiro num hospital, do lado de cá, daqueles que não sabem o que está a acontecer, para perceber o que quem recorre às urgências sofre para além da doença?