quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre a liberdade de expressão

Este texto é uma adenda ao escrito ontem à noite.
Neste blogue pratica-se muito a liberdade de expressão, da mesma forma que a pratico em livros de reclamação, sendo caso de isso, da mesma forma que agradeço verbalmente cada vez que sou atendida de forma conveniente em qualquer lugar. Mas não se pratica a irresponsabilidade nem a conversa de café que diz mal só por dizer.
Basta uma leitura sem preconceitos nem corporativismo dos meus textos para perceber a intenção daquilo que escrevo: melhorar o meu contexto, não só para mim como para os outros. Há situações em que resulta escrever aqui, seja pelo incentivo que dá a críticas de outras pessoas noutros lugares, seja pela própria resposta que algumas instituições me dão oficialmente, sem recorrerem à figura anónima.
Como a minha ideia ao escrever aqui é mesmo discutir ideias e pensar a realidade, a condição de anónimo por si, não me chateia assim tanto e por isso dedico o texto anterior a um anónimo, criticando algumas das suas reflexões e esclarecendo outras. O que me chateia é o início do comentário. "Numa época em que não há limites para a liberdade de expressão" mas devia haver? Não há de certeza? Então porque é que uma descrição de dois episódios médicos incomoda tanto alguém?
Deixo aqui dois textos, um meu, outro de uma bloguer que admiro muito, sobre aquilo que é a liberdade de expressão em Portugal. Naturalmente não foram escritos agora, mas são sobre o contexto de liberdade em que vivemos. Podemos à vontade queimar soutiens. Mas explicar frontalmente aquilo que nos parece mal é outra conversa. A má vontade é o maior obstáculo epistemológico deste país. Ora façam favor: O blogue é meu (detenham-se apenas no primeiro parágrafo) e Tradução básica da Mãe Preocupada.

Estimado Anónimo

Estimado anónimo,
1º: já que está tão informado acerca dos procedimentos da MAC e do SNS, esclareça-me por favor acerca do seguinte: considerando que não existe rede pública de obstetrícia sem ser em ambiente hospitalar, onde é que me devo dirigir numa situação como a descrita no texto Maternidade Alfredo da Costa 1 e 2? Ao centro de saúde? A um domingo? E depois de me ter sido indicada pelo médico de família que qualquer ocorrência a partir das 36 semanas deve ser vista na maternidade? Ou vou ao centro de saúde não fazer nada porque não há especialistas, nem equipamento médico, num dia em que ainda não sei se preciso de fazer a tal viagem?
2º: não presuma aquilo que desconhece: a primeira coisa que disse na triagem foi justamente o motivo da minha visita e, extraordinário, o pessoal médico que me avaliou achou que era razoável que eu ali estivesse. Suponho que caso contrário, me tinha enviado para casa.
3º: o tempo de espera em urgência não foi alvo da minha crítica, mas eu vou esclarecer. Quando digo que me parece que estiveram a brincar aos médicos é porque, como explico a seguir, esperava apenas fazer um CTG e fiz uma série de exames, alguns dos quais realizados por estudantes da especialidade, que aproveitaram para aprender, por exemplo, como se faz uma ecografia, coisa que me pareceu razoável. O comentário não era depreciativo mas percebo que possa ser mal entendido, aqui fica o esclarecimento.
4º: a falcatrua, foi telefonar para a MAC, dizer o que me parecia ser estranho (se ler o texto Nascer na MAC ou onde calhar? tem mais detalhes) e conseguir tranquilamente uma consulta. Há quem consiga consultas ali, não por ter área de residência correspondente mas porque, por exemplo, se é seguido no privado por um médico que também faz serviço ali. E não parece haver problema nenhum com isso...
4º: em relação à ironia, ela só atinge uma médica que entrou sem bater à porta, não atinge a MAC. Todo o meu comentário vai no sentido do elogio à instituição referida.
Já agora convido-o a ler o meu blogue de uma ponta à outra para perceber o teor do mesmo. E sim, o nosso  sistema de saúde é muito bom, mas tem falhas. Curiosamente, eu assinalo as duas coisas sempre que me é possível. E honestamente não me parece que este texto que comentou seja assim tão depreciativo.

Aproveito para dizer que hoje foi a minha segunda consulta na MAC e que correu tudo lindamente. O tempo entre análises e fim de consulta foi de 2 horas e meia e todo o pessoal hospitalar foi excelente.

Se puder responder às minhas questões do ponto 1, agradeço imenso. Muito obrigada pela atenção! Os melhores cumprimentos. Suponho que nos vemos na MAC.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Na Somália

@AP
Bastam 211 milhões de euros para resolver a fome na Somália, nos próximos dois meses, segundo a ONU.

O FCP comprou um jogador por 13 milhões de euros.

Há dias em que gosto mesmo deste mundo...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Meninas na praia

A menina tem uns 4 anos e brinca na areia com o meu filho. Não se conhecem a não ser de agora e já brincam, sem constrangimentos. Depois ela vê-me sentada na beira do mar e pergunta-me apenas: porque é que tens uma barriga tão grande? Eu sorrio e digo: porque tenho uma menina cá dentro. E ela parte em direcção ao mar, para encher o balde de água, regressar à areia e brincar com o meu filho outra vez.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Maternidade Alfredo da Costa 1 e 2

Domingo passado fui à Maternidade Alfredo da Costa. Entrei pela urgências, não porque tivesse uma emergência mas porque ia viajar no dia seguinte e queria garantir, dentro do possível, que o podia fazer. Correu mesmo bem. Estive lá das 11h00 às 15h00 e fizeram-me uma série da exames. Na verdade acho que estiveram a brincar aos médicos. A única coisa que eu esperava era fazer um CTG para verificar a incidência das contrações, mas porque a miúda andava a fazer piscinas tive direito a análises, toque e ecografia. Gostei da médica que me atendeu, das enfermeiras e do director das urgências que veio ter connosco à ecografia para me dizer que era bom sinal que a miúda andasse agitada, que eu não ficasse ansiosa, enquanto me fazia festinhas na cara.
Confesso que nesta altura eu pensava "Sim, eu sei, não vim aqui por isso e pára lá de me fazer festinhas que eu não te conheço de lado nenhum." Mas como estou a ficar esperta não disse nada e agradeci imenso a atenção que me deram e, claro, a autorização para fazer 300 km de carro.

Ontem foi o dia da consulta de referência. Estive no serviço de consulta das 13h00 às 17h30... Já não sabia em que posição estar, mas enfim. Como fiz a falcatrua de ir para as consultas da MAC em vez de ter novamente o processo na Estefânia, achei que era razoável a demora. Fui a última a ser atendida. Não faz mal. Mais uma vez o exame completo, desta vez com história detalhada do parto do X, que impressionou muito a enfermeira mas que a médica achou muito estranho... Também eu, minha amiga!
Seja como for, combinámos que eu levaria a informação possível na próxima consulta, o relatório médico, e eu comecei a rir. Afinal o relatório da Estefânia que me foi dado quase um ano depois e a minha descrição do parto parecem sobre dois acontecimentos diferentes, mas enfim.
Da parte que importa - esta consulta, esta gravidez, este parto - pareceu-me tudo muito bem. Continua a faltar a identificação dos profissionais de saúde, mas não há nada como perguntar... E não fosse outra médica entrar enquanto eu vestia as cuecas depois do toque (que foi delicado), sem bater à porta, tinha sido perfeito. Mas bom, educação daquela boa que nos dão em casa nem todos temos. E os que temos, devemos ser pacientes com os outros, verdade? Ai, estou tão crescida!

A próxima consulta é só daqui a 15 dias, apesar de todas as recomendações médicas para que o último mês seja vigiado de perto. Mas como gravidez não é doença... siga para bingo. De qualquer forma não acredito muito ter outra consulta. É que hoje é noite de lua cheia...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Muitas vezes dou por mim espantada por já ser mãe. Por ser tão crescida que já sou capaz de criar uma criança. E agora, com espanto meu, vou criar mais uma. Estes são os relâmpagos, que não aparecem só porque há tempestade. Por vezes aparecem no auge da felicidade. Depois olho para o X e ele diz-me que sou capaz de fazer isto, de ser mãe e outra vez. Sem dizer nada.