terça-feira, 29 de março de 2011

De uma carta para o Luxemburgo

(...) O maior problema de Portugal são as pessoas que cá vivem, não são as instituições ou os políticos. Estes são só reflexo do egoísmo pátrio em que vivemos há séculos.

domingo, 27 de março de 2011

Obrigações

Hei-de obrigar os meus filhos a olhar para o tecto. Hei-de ensiná-los a não fazer nada. Hei-de ajudá-los a descobrir que é bom não ter ocupação de vez em quando. Hei-de de explicar-lhes que a poesia é o mais importante na vida, porque é inútil e não nos serve para outra coisa que para pensar.

terça-feira, 22 de março de 2011

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No mesmo dia em que perco um amigo, outro surge de onde não suspeitava. E é por isto (também) que a vida é uma beleza.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O que andamos a ler...


Trouxe este livro de Tavira. O avô da minha melhor amiga morrera e eu herdei-lhe a pequena biblioteca. Pequena porque este e os outros livros que trouxe são infantis, mas são mais velhos que eu. Uns foram publicados em 1976, outros em 77, pela Plátano. É esta colecção que andamos a ler. Um ou dois livros cada noite, antes do X dormir. As histórias são simples, bonitas, divertidas. O X adora as lenga-lengas tradicionais, mas desta capa dizia "Quero a história do computador." Como é que lhe explico o que é uma máquina de escrever?  Não é preciso. A autora Inácia Fiorillo e o ilustrador Zé Paulo fazem-no muito melhor do que eu. A história é a de uma máquina que chora porque acha que já não sabe escrever, mas depois tudo se resolve. É tão bonita! Só é pena que já não esteja à venda nas livrarias.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vai bem o país

Quando o nível da discussão política é :

- dizes isso porque nunca passaste por uma situação dificil.
- dizes isso porque podes. Tu tiveste muita sorte na vida.

é porque o país vai muito bem.

PODEMOS DISCUTIR IDEIAS?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Eu não entendo a Geração à Rasca

Peço desculpa mas sou careta. Peço perdão, mas quando os cabelos brancos me aparecem na franja começo a ficar contente. Tenho 32 anos. Tinha 15 quando o Vicente Jorge Silva chamou aos meus irmãos mais velhos Geração Rasca. Estou pela primeira vez desempregada. A notícia do despedimento chegou no princípio de Fevereiro. Estou grávida e creio que essa é a única razão pela qual ainda não estou vinculada a uma outra empresa.
Em 1999, fiz os meus primeiros descontos para a Segurança Social. Em 2002, comecei a trabalhar de forma ininterrupta. Em 2003, aluguei uma casa manhosa, manhosa, mas saí definitivamente de casa dos meus pais. Nunca mais tive dinheiro dos pais. Aliás, a mesada era um conceito que não existia lá em casa. O que existia lá em casa era uma família que dava importância ao estudo e ao trabalho.

E se eu queria dinheiro para ir ao teatro ou se quis fazer Erasmus em Barcelona, trabalhei para poder ter dinheiro para o fazer. Em 99 descontei quando trabalhei na bilheteira de um cinema, depois numa livraria. Antes disso juntava dinheiro a fazer biscates. Se quis ir ao Sudoeste a primeira vez, fui de roulote de hamburgueres. O trabalho patrocinar-me-ia a entrada nos concertos. Depois de lá estar, o dinheiro que estava a fazer era tão bom que acabei por não ir a concerto nenhum. Mas os Corvos vieram montes de vezes à nossa roulote!!!!

Não entendo a Geração à Rasca. Há boa gente com pouca idade a trabalhar de mais para ganhar de menos, há. Mas também gente medíocre que espera ter direito a tudo só porque sim. Como se o trabalho e o salário fossem uma mesada mais, que se pedincha mas não se merece. É como acontece com as notas da escola. Um estagiária pediu-me que lhe desse uma nota de estágio mais alta porque "toda a gente aproveita o estágio para subir a média." Não porque ela tivesse mais valor do que aquilo que tinha demonstrado. No secundário os miúdos pedem notas em auto-avaliação que não são correctas, mas sabem que as conseguem nos conselhos de turma. O meu primo mais novo está no oitavo ano e não sabe fazer contas de somar... O Marco que aparece numa reportagem da TVI tem 15 anos, não saber ler, mas também está no oitavo ano.

Faz tudo parte do mesmo. Porque se esta Geração à Rasca soubesse ler, não escolhia para hino a música dos Deolinda. Não é dúbio que a crítica feita pelo autor é a esta gente que é retratada na letra. É óbvio.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Que parva que eu sou!
As folhas A4 com a descrição dos problemas individuais que se entregarão na Assembleia da República (ainda me vão explicar como) servem para quê? O problema da Geração à Rasca não se resolve por decreto. Resolve-se pela acção que cada um resolver tomar. Se cada um perceber que se trabalha por um salário e não por um estatuto. Se cada um exigir ser pago como gente grande quando exerce funções de gente grande. Se não houver sempre alguém disposto a fazer tudo a troco de nada, as coisas mudam. E depois, incomodar-se para quê? Se estão em casa dos pais a viver a tenças...

E depois há a todas as gerações mais velhas, que se debatem com os mesmos problemas de incerteza quanto ao futuro, de recibos verdes intermináveis, de ausência de prestações sociais em caso de doença ou incapacidade. Mas que não são putos mimados e que vêem apenas como solução trabalhar, trabalhar, com muita honestidade.

O país é uma merda. Nisso concordamos todos. Mas esta gente que tem 30 anos vota há quanto tempo nos mesmos? O Cavaco ganhou depois de uma greve geral! O PS teve uma extraordinária vitória nas últimas legislativas, mas ninguém votou neles... Têm 30 anos e quantas vezes antes exigiram os seus direitos? Quantas vezes fizeram uma reclamação? Quantas vezes tomaram a iniciativa de tornar o seu mundo ligeiramente melhor? Quantas vezes exerceram um trabalho com tanta seriedade que a sua promoção se tornaria evidente, inevitável?

Peço desculpa, mas eu só comprei o meu primeiro carro há um ano e deve ser por isso que não entendo estas coisas...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Rendi-me ao carnaval

Se eu fosse uma mãe em condições tinha feito uma peruca de lã e um fato de remendos para o rapaz. Rendi-me hoje ao consumismo e fui comprar um fato de palhaço rico a uma grande superfície... Nem sequer gosto muito do fato. Espero que o X fique mais contente do que o ano passado em que, na creche, era o único não mascarado.