quarta-feira, 5 de maio de 2010

À espera... de Godot?

Há um ano e dois meses contava aqui que nos tinha saído uma espada de cima. O diagnóstico misterioso de uma doença rara estava resolvido: era negativo. Em Fevereiro deste ano, tiraram-nos o tapete. Tinham finalmente chegado os resultados dos exames do Instituto Ricardo Jorge e afinal “o seu filho tem anomalias genéticas compatíveis com a Hiperplasia da Supra Renal” disse-me a endocrinologista por telefone.
Trocado por miúdos e já presencialmente ficámos a saber, poucos dias depois, que quimicamente os níveis hormonais estavam normalizados e que, por isso, tudo levava a crer que a doença nunca se revelaria como tal. Ufa! Ficava o dito por não dito, o meu filho é geneticamente anormal mas não é doente e isso já é um boa notícia!


Faltava saber se tinha ou não a doença latente, não tanto pela criança que já existe mas pelas nossas crianças que possam vir a existir, sobretudo se vierem a ser raparigas. Impunha-se então um estudo genético, sem pressas porque “vocês são novos, não está grávida pois não?” Pois não e até acrescentei: “A notícia vem em boa hora porque tínhamos começado a falar esta semana disso” (De repente um novo filho passou a isso? O que é que me aconteceu neste momento?).

Esta conversa decorreu no dia 28 de Fevereiro. Amavelmente, a médica recebeu-nos na sua hora de almoço, no Hospital D. Estefânia, para nos explicar tudo e responder às nossas inquietações. Assinou o termo de responsabilidade, para definir quem é que pagava os custos desta investigação molecular, que seria remetido para a administração, para ser aprovado e assinado, para ser enviado para nossa casa, para nós levarmos ao Instituto Ricardo Jorge quando lá fossemos dar a amostra de sangue... Quanto tempo é que isto demoraria? “Deve chegar a vossa casa daqui a 3 semanas.”

Três semanas depois comecei a abrir a caixa do correio com expectativa. Depois a expectativa foi esmorecendo e o meu filho repetia depois de mim “Não há nada de jeito.”
Ontem liguei para lá de manhã. Zanguei-me com o departamento de Endocrinologia. Depois liguei novamente para o hospital e pedi para falar com uma das administradoras adjuntas e a secretária, depois de recolher os meus dados e a razão pela qual eu ligava, barrou-me o acesso à sra. E à hora do almoço, outra vez, e amavelmente, ligou-me o Pedro, o administrativo de Endocrinologia, que não estava lá de manhã, dizendo que já tinha resolvido tudo e que podíamos ir ainda esta semana ao Ricardo Jorge. “Basta dizer o nome do seu filho que já está tudo tratado.”

Obrigada Pedro.

Mas se eu não me tivesse dado para reclamar... ia esperar mais quanto tempo? Alguma vez me chegaria essa informação a casa?

Sem comentários: