Hoje mudo um bocadinho o tema, porque ontem vi na SIC uma parte de um debate sobre a internet e a blogosfera. Fiquei chocada com o que o Francisco Moita Flores, que eu até tinha em boa conta, teve a lata de dizer. Segundo ele os blogues demonstram uma enorme solidão do seu autor. Sobretudo, os blogues de diários. A generalização é sempre má. Mas esta é muito arrogante.
As motivações de quem escreve só as pode explicar quem escreve. E se a mim me faz alguma confusão a exposição da vida privada - mostrar fotografias e falar com detalhe de intimidades (sobretudo quando se trata de filhos) - a verdade é que a maioria dos blogues que consulto me são úteis. Uns porque são excelentes do ponto de vista literário, outros porque dão informação importante sobre procedimentos a tomar junto de instituições ou situações específicas, uns porque me fazem rir, outros porque me emocionam. E, muito importante, porque na blogosfera e para quase todos os assuntos encontram-se pensadores que não estão condicionados, que vão às vezes muito além do que os cronistas e os comentadores oficiais fazem. Temos medo de perder o poleiro, é? Ou quem não é remunerado por expressar publicamente as suas ideias não tem direito a ser considerado?
FMF se me estás a ler, queria só dizer-te que escrevo este blogue porque a net, ainda assim, é o meio de expressão mais livre que conheço. Porque o medo de ser mal atendida num hospital levou-me a não fazer uma reclamação no livro amarelo. Porque descobri aqui uma forma de exercer a minha cidadania, de fazer política, um bocadinho ao lado dos canais habituais que, como deves reconhecer, andam com os pés e as mãos atadas. E de repente os meus textos tornaram-se úteis a alguém e os meus pedidos de ajuda foram atendidos.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
sábado, 24 de maio de 2008
Amamentar não é só uma questão
A primeira vez que descobri que se tinha de pensar sobre a amamentação foi quando a minha irmã ficou grávida. Uma amiga perguntou-me se ela já tinha decidido o que fazer. A pergunta era estranha para mim. A meu entender a amamentação funcionava assim: se tivesse leite amamentava, se não tivesse (ou quando não tivesse) não amamentava.
Depois fiquei grávida e o meu corpo começou logo a dar sinais de que teria leite. A partir dos 5 meses tive de andar sempre com discos de amamentação - coisa que eu odiava. Durante este período, apesar de eu nunca pôr em causa o aleitamento materno, senti-me imensamente pressionada para amamentar. Como a mentalidade actual (diferente daquela que existia quando nasci) é muito favorável à amamentação, dizer qualquer coisa contra é quase um sacrilégio. Confesso que me senti ofendida quando li e ouvi coisas do género: as crianças alimentadas a peito são mais inteligentes e mais ligadas às mães. Sim, há estudos que o comprovam. E foram feitos de forma isenta? E foram tidas em conta outras variáveis? Por exemplo, que as mães que alimentam até mais tarde podem ser melhor alimentadas por que são de classes mais elevadas e que a inteligência dos seus filhos tem só a ver com os estímulos a que as crianças são expostas à posteriori? Nunca ouvi ninguém pôr esta hipótese, apesar de a mim me aparecer como uma evidência científica.
Graças às aulas de preparação para o nascimento, preparei o meu corpo para a amamentação e quando o leite subiu, a meio da noite no hospital, soube exactamente o que fazer: pegar no bebé e pô-lo a comer. Resultou. Não tive dores, nem febres, nem o peito ficou rijo. A practicidade da coisa também é aliciante. Com a vida já tão condicionada pelo nascimento do bebé, ainda assim permite improvisar um bocadinho e ir a algum sítio que não estava previsto, porque a alimentação está sempre garantida. E nem é preciso aquecer!
Mas, apesar de tudo correr bem nesta matéria, também nunca consegui gostar particularmente de amamentar, do acto em si. É aborrecido e às vezes dói. É inquietante não saber que quantidade o bebé engole. Se há uma semana em que não o vejo crescer, fico logo com dúvidas acerca do meu leite ainda ser bom.
Com o passar do tempo percebi que, mesmo não gostando de amamentar, não queria deixar de o fazer. Nem sequer parcialmente. Descobri que isto do aleitamento correr bem me ajudou imenso a ultrapassar as dúvidas acerca da minha capacidade de ser mãe, que eu senti tão posta em causa pela forma como o meu filho nasceu. A menos de um mês de regressar ao trabalho tenho recebido constantes pressões para ir experimentando outro leite, começar a dar sopinha e outros blablablas. Já vamos no segundo leite de farmácia e não há meio de o meu filho pegar no biberon. Parte-me o coração cada vez que experimentamos: o bebé olha para mim com um ar deseperado. E depois eu dou-lhe mama e fica tudo bem. Para ele e para mim também...
Depois fiquei grávida e o meu corpo começou logo a dar sinais de que teria leite. A partir dos 5 meses tive de andar sempre com discos de amamentação - coisa que eu odiava. Durante este período, apesar de eu nunca pôr em causa o aleitamento materno, senti-me imensamente pressionada para amamentar. Como a mentalidade actual (diferente daquela que existia quando nasci) é muito favorável à amamentação, dizer qualquer coisa contra é quase um sacrilégio. Confesso que me senti ofendida quando li e ouvi coisas do género: as crianças alimentadas a peito são mais inteligentes e mais ligadas às mães. Sim, há estudos que o comprovam. E foram feitos de forma isenta? E foram tidas em conta outras variáveis? Por exemplo, que as mães que alimentam até mais tarde podem ser melhor alimentadas por que são de classes mais elevadas e que a inteligência dos seus filhos tem só a ver com os estímulos a que as crianças são expostas à posteriori? Nunca ouvi ninguém pôr esta hipótese, apesar de a mim me aparecer como uma evidência científica.
Graças às aulas de preparação para o nascimento, preparei o meu corpo para a amamentação e quando o leite subiu, a meio da noite no hospital, soube exactamente o que fazer: pegar no bebé e pô-lo a comer. Resultou. Não tive dores, nem febres, nem o peito ficou rijo. A practicidade da coisa também é aliciante. Com a vida já tão condicionada pelo nascimento do bebé, ainda assim permite improvisar um bocadinho e ir a algum sítio que não estava previsto, porque a alimentação está sempre garantida. E nem é preciso aquecer!
Mas, apesar de tudo correr bem nesta matéria, também nunca consegui gostar particularmente de amamentar, do acto em si. É aborrecido e às vezes dói. É inquietante não saber que quantidade o bebé engole. Se há uma semana em que não o vejo crescer, fico logo com dúvidas acerca do meu leite ainda ser bom.
Com o passar do tempo percebi que, mesmo não gostando de amamentar, não queria deixar de o fazer. Nem sequer parcialmente. Descobri que isto do aleitamento correr bem me ajudou imenso a ultrapassar as dúvidas acerca da minha capacidade de ser mãe, que eu senti tão posta em causa pela forma como o meu filho nasceu. A menos de um mês de regressar ao trabalho tenho recebido constantes pressões para ir experimentando outro leite, começar a dar sopinha e outros blablablas. Já vamos no segundo leite de farmácia e não há meio de o meu filho pegar no biberon. Parte-me o coração cada vez que experimentamos: o bebé olha para mim com um ar deseperado. E depois eu dou-lhe mama e fica tudo bem. Para ele e para mim também...
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