quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pequenos sentimentos

As crianças são surpreendentes. O inato é enorme nelas. Ou então andam a ficar espertos depressa. A primeira vez que o meu filho ficou com os avós e sem mim, tinha quase três meses. Eu tinha obras para fazer em casa e ele passou a tarde na casa dos avós. Quando o fui buscar estava diferente. Não sorriu para mim como já costumava fazer e durante o caminho todo insistiu em não olhar para mim, ao contrário do que era habitual quando íamos de carro a algum lado. Quando contei isto era, supostamente, imaginação minha que ele era “muito pequenino para ter sentimentos”...
Preparámos o meu regresso ao trabalho como pudémos. Passamos a maioria dos fins-de-semana junto aos meus sogros, para que o meu filho fosse ficando com eles, a fim de se habituar. Correu sempre tudo bem, todos os dias. Os meus sogros tinham uma alegria imensa e constante em ficar com o bebé e ele retribuia. Houve tardes inteiras em que estiveram só os três e correu sempre tudo bem.
A minha primeira semana de trabalho passou-se sem dificuldades. O meu marido ficou de férias para fazer a transição semanal. Todos os dias da semana foram para lá e tudo correu bem. Na verdade, na casa dos meus sogros tudo continua a correr bem. O meu filho é que está claramente zangado comigo, por eu o deixar tanto tempo sem mim. Quando eu regresso a casa para o ir buscar, começa a chorar. Parece que se lembra que eu o deixei por muito tempo. Lá o consigo acalmar e depois de mamar, fica tudo bem... até ser hora de deitar.
Quando chega o sono, é um filme. Ele percebe que está a adormecer e não quer. Acho que associa o sono dele à minha ausência. Ontem foi exasperante. Só dormia ao meu colo. Assim que o colocava na cama acordava aos berros. Não queria dormir ao colo do pai e olhava para ele com um ar estranho. Já estávamos os dois a desesperar quando finalmente, e ao colo do pai, apagou. Supostamente ía dormir às nove e esta tourada durou até à meia-noite. Acordou às 4 para comer (é costume) e às 6 da manhã, com um bocadinho de luz no quarto, acordou para brincar (é costume).
Estava super bem disposto até lhe chegar o sono outra vez, por volta das 8h00. Seguiu-se mais uma hora de choro contínuo, em que eu e o pai íamos trocando a sua companhia, para nos conseguirmos arranjar para sair. Finalmente, adormeceu e, mais uma vez, quando acordou estava em casa dos avós. Refilão, rabujento e à procura de maminha. Mas isto dele estar zangado comigo, deve ser impressão minha. Afinal, “ele é muito pequenino para ter desses sentimentos”...

sábado, 14 de junho de 2008

Cinco meses


Segunda-feira regresso ao trabalho. Segunda-feira vou passar a maior parte do dia sem o meu filho. Segunda-feira vou chegar a casa ainda mais cansada. E, de agora em diante, suponho que os dias se repitam assim. No início desta nova fase o meu filho:
- já come sopa, desde que tenha cebola
- não gosta de puré de maçã
- continua a mamar desalmadamente
- adora estar sentado mas ainda não o consegue fazer sem apoio
- nunca dormiu uma noite completa
- palra muito e gosta de música
- agarra as coisas e leva-as sempre à boca
- tem um sorriso que me deixa toda derretida
Os miminhos que me dá vão ser transferidos para os avós, durante uns tempos. Sei que fica bem entregue. Mesmo assim, ando ansiosa com a ideia da separação. E isto nem parece uma coisa minha. Afinal, transformei-me numa mãe galinha...