sábado, 29 de outubro de 2011

Perder e ganhar

Perdemos o gestor de conta mas ganhamos o gestor de carreira. É um questão de estilo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Mééééééé, mééééééee

Ninguém gostou da música que foi dada aos filhos o ano passado na escola, em actividade extra-curricular. Toda a gente achou que entre aquilo e nada não havia grande diferença. Toda a gente se queixou do canto gravado e das canções não cantadas ao vivo, das crianças não mexerem em instrumentos apenas os verem impressos em cartão...

Toda a gente inscreveu as crianças na mesma música extra-curricular a ser dada este ano lectivo, porque ninguém queria ser o único a excluir o seu próprio filho de uma actividade que, nas palavras de alguns, não serve para nada.

No futuro próximo iremos todos para o campo criar ovelhinhas dóceis, bonitas e que irão, como nós, umas com as outras, sem saber porquê, só porque as outras, se calhar, também querem ir.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Passatempo

Quem é que colocou o texto Maternidade Alfredo da Costa 1 e 2 dentro da pasta com o meu processo clínico?

A: O Presidente da República.
B: A senhora do quiosque em frente à MAC.
C: O estimado Anónimo que comentou o texto acima linkado.

As primeiras respostas certas ganham, em primeira mão, o acesso às minhas considerações sobre a Liberdade de Expressão e... a inteligência da censura.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O parto no melhor dos dois mundos


É muito difícil escrever sobre a beleza. Ando há dias à procura da palavra exacta para o nascimento da minha filha. Não existe. Ou eu não a encontro. A minha filha nasceu numa sala de partos da MAC. Fui conduzida no parto por uma equipa do Hospital da Estefânia, que faz sempre os bancos de urgências às segundas-feiras. E foi uma espécie de reconciliação com a minha natureza e com o hospital onde nasceu o meu primeiro filho.
A equipa da MAC que me acolheu nas consultas a partir das 38 semanas foi parte importante deste processo. Fui sempre atendida por médicas muito jovens com uma competência extraordinária que eu não tinha visto até aqui no SNS: o respeito pela opinião do utente sobre os procedimentos médicos a tomar. Um exemplo: às 39 semanas não quis que me fosse feito o toque que tenta normalmente despoletar o parto. A médica disse-me tranquilamente: “se não quer que eu faça esse toque eu não faço.” 
Outro: às 41 semanas, quando me foi apresentada a solução internamento para indução, eu recusei. A médica (a médica mais nova que alguma vez consultei) ficou aflita e finalmente triste, mas compreendeu as minhas razões. Disse-me “nós só queremos o melhor para as nossas pacientes.” Eu respondi que sabia, que queria apenas esperar mais uns dias para tentar que a bebé nascesse de forma natural, mas que agradecia mesmo muito toda a atenção de que estava a ser alvo.
Passei o fim-de-semana a andar. Domingo à noite, ao fim de 4 quilómetros a subir e descer a cidade, conclui que segunda-feira seria o dia do internamento e indução. Estava triste e temia que a história do nascimento do X se repetisse, mesmo se todos me davam a garantia que não há dois partos iguais.
Segunda-feira voltei à consulta com a dra. Lúcia, uma médica cheia de luz, que me enviou para as urgências a fim de fazer a indução porque o internamento na MAC estava cheio (querido governo anterior, vês como era melhor não ter fechado o bloco de partos na Estefânia?). Bem disse a médica que era uma ironia do destino eu ter fugido da Estefânia para ser uma equipa da Estefânia a fazer-me o parto. Acabou por ser uma epifania do destino.
Passei o dia na sala de partos onde nasceria a minha filha, sempre monitorizada pelo CTG, acompanhada pelo meu marido, visitada com regularidade por duas enfermeiras e pela equipa médica. Havia uma médica que sorria, uma médica muito nova que sorria sempre.
Às 4 da tarde começaram as contracções. Depois das 8, quando tive uma contracção mais forte pedi que chamassem uma médica para que começasse a aplicação da epidural. A médica examinou-me e disse “Ah! Mas estes são os cabelos do bebé! Já tem a dilatação completa!” O medo da dor fez com que me descontrolasse, mas a médica e a enfermeira conseguiram fazer com que me recompusesse. A médica era muito nova e sorria sempre.
Deram-me a possibilidade de parir de joelhos em cima da cama. Acabaram por me deitar e eu fiz força duas vezes. Com a primeira, senti a cabeça da bebé a aflorar e tive muitas dores. Depois de pedir para esperar, ouvi uma voz mágica que me conduziu ao sítio certo. A enfermeira disse-me “se fizeres força agora não rasgas.” Fiz uma força lenta que começou cá em cima ao pé do coração e a minha filha nasceu. Colocaram-na em cima de mim e depois de um momento que ainda me pareceu longo, a minha filha respirou e ficou cor-de-rosa.
Ficámos todos muito emocionados. A médica muito nova que sorria sempre, ainda sorria mais e dizia que a obstetrícia é a melhor especialidade do mundo. Eu só tinha vontade de a abraçar, por me dar este parto tão natural, tão simples, tão pacífico, tão bonito. Só não o fiz porque tinha a minha filha nos braços e o meu marido a abraçar-me a mim.
Obrigada dra. Margarida, obrigada enfermeira Rita, obrigada dra. Lúcia, obrigada MAC inteira, obrigada equipa da Estefânia.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Três quilos e meio de gente, outra vez

Já estamos em casa e tão bem, tão bem, tão bem, que nem parece que me nasceu uma menina grande de parto natural. Mas foi! Mais adiante contarei pormenores. Agora vou tratar das crias!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sobre a liberdade de expressão

Este texto é uma adenda ao escrito ontem à noite.
Neste blogue pratica-se muito a liberdade de expressão, da mesma forma que a pratico em livros de reclamação, sendo caso de isso, da mesma forma que agradeço verbalmente cada vez que sou atendida de forma conveniente em qualquer lugar. Mas não se pratica a irresponsabilidade nem a conversa de café que diz mal só por dizer.
Basta uma leitura sem preconceitos nem corporativismo dos meus textos para perceber a intenção daquilo que escrevo: melhorar o meu contexto, não só para mim como para os outros. Há situações em que resulta escrever aqui, seja pelo incentivo que dá a críticas de outras pessoas noutros lugares, seja pela própria resposta que algumas instituições me dão oficialmente, sem recorrerem à figura anónima.
Como a minha ideia ao escrever aqui é mesmo discutir ideias e pensar a realidade, a condição de anónimo por si, não me chateia assim tanto e por isso dedico o texto anterior a um anónimo, criticando algumas das suas reflexões e esclarecendo outras. O que me chateia é o início do comentário. "Numa época em que não há limites para a liberdade de expressão" mas devia haver? Não há de certeza? Então porque é que uma descrição de dois episódios médicos incomoda tanto alguém?
Deixo aqui dois textos, um meu, outro de uma bloguer que admiro muito, sobre aquilo que é a liberdade de expressão em Portugal. Naturalmente não foram escritos agora, mas são sobre o contexto de liberdade em que vivemos. Podemos à vontade queimar soutiens. Mas explicar frontalmente aquilo que nos parece mal é outra conversa. A má vontade é o maior obstáculo epistemológico deste país. Ora façam favor: O blogue é meu (detenham-se apenas no primeiro parágrafo) e Tradução básica da Mãe Preocupada.

Estimado Anónimo

Estimado anónimo,
1º: já que está tão informado acerca dos procedimentos da MAC e do SNS, esclareça-me por favor acerca do seguinte: considerando que não existe rede pública de obstetrícia sem ser em ambiente hospitalar, onde é que me devo dirigir numa situação como a descrita no texto Maternidade Alfredo da Costa 1 e 2? Ao centro de saúde? A um domingo? E depois de me ter sido indicada pelo médico de família que qualquer ocorrência a partir das 36 semanas deve ser vista na maternidade? Ou vou ao centro de saúde não fazer nada porque não há especialistas, nem equipamento médico, num dia em que ainda não sei se preciso de fazer a tal viagem?
2º: não presuma aquilo que desconhece: a primeira coisa que disse na triagem foi justamente o motivo da minha visita e, extraordinário, o pessoal médico que me avaliou achou que era razoável que eu ali estivesse. Suponho que caso contrário, me tinha enviado para casa.
3º: o tempo de espera em urgência não foi alvo da minha crítica, mas eu vou esclarecer. Quando digo que me parece que estiveram a brincar aos médicos é porque, como explico a seguir, esperava apenas fazer um CTG e fiz uma série de exames, alguns dos quais realizados por estudantes da especialidade, que aproveitaram para aprender, por exemplo, como se faz uma ecografia, coisa que me pareceu razoável. O comentário não era depreciativo mas percebo que possa ser mal entendido, aqui fica o esclarecimento.
4º: a falcatrua, foi telefonar para a MAC, dizer o que me parecia ser estranho (se ler o texto Nascer na MAC ou onde calhar? tem mais detalhes) e conseguir tranquilamente uma consulta. Há quem consiga consultas ali, não por ter área de residência correspondente mas porque, por exemplo, se é seguido no privado por um médico que também faz serviço ali. E não parece haver problema nenhum com isso...
4º: em relação à ironia, ela só atinge uma médica que entrou sem bater à porta, não atinge a MAC. Todo o meu comentário vai no sentido do elogio à instituição referida.
Já agora convido-o a ler o meu blogue de uma ponta à outra para perceber o teor do mesmo. E sim, o nosso  sistema de saúde é muito bom, mas tem falhas. Curiosamente, eu assinalo as duas coisas sempre que me é possível. E honestamente não me parece que este texto que comentou seja assim tão depreciativo.

Aproveito para dizer que hoje foi a minha segunda consulta na MAC e que correu tudo lindamente. O tempo entre análises e fim de consulta foi de 2 horas e meia e todo o pessoal hospitalar foi excelente.

Se puder responder às minhas questões do ponto 1, agradeço imenso. Muito obrigada pela atenção! Os melhores cumprimentos. Suponho que nos vemos na MAC.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Na Somália

@AP
Bastam 211 milhões de euros para resolver a fome na Somália, nos próximos dois meses, segundo a ONU.

O FCP comprou um jogador por 13 milhões de euros.

Há dias em que gosto mesmo deste mundo...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Meninas na praia

A menina tem uns 4 anos e brinca na areia com o meu filho. Não se conhecem a não ser de agora e já brincam, sem constrangimentos. Depois ela vê-me sentada na beira do mar e pergunta-me apenas: porque é que tens uma barriga tão grande? Eu sorrio e digo: porque tenho uma menina cá dentro. E ela parte em direcção ao mar, para encher o balde de água, regressar à areia e brincar com o meu filho outra vez.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Maternidade Alfredo da Costa 1 e 2

Domingo passado fui à Maternidade Alfredo da Costa. Entrei pela urgências, não porque tivesse uma emergência mas porque ia viajar no dia seguinte e queria garantir, dentro do possível, que o podia fazer. Correu mesmo bem. Estive lá das 11h00 às 15h00 e fizeram-me uma série da exames. Na verdade acho que estiveram a brincar aos médicos. A única coisa que eu esperava era fazer um CTG para verificar a incidência das contrações, mas porque a miúda andava a fazer piscinas tive direito a análises, toque e ecografia. Gostei da médica que me atendeu, das enfermeiras e do director das urgências que veio ter connosco à ecografia para me dizer que era bom sinal que a miúda andasse agitada, que eu não ficasse ansiosa, enquanto me fazia festinhas na cara.
Confesso que nesta altura eu pensava "Sim, eu sei, não vim aqui por isso e pára lá de me fazer festinhas que eu não te conheço de lado nenhum." Mas como estou a ficar esperta não disse nada e agradeci imenso a atenção que me deram e, claro, a autorização para fazer 300 km de carro.

Ontem foi o dia da consulta de referência. Estive no serviço de consulta das 13h00 às 17h30... Já não sabia em que posição estar, mas enfim. Como fiz a falcatrua de ir para as consultas da MAC em vez de ter novamente o processo na Estefânia, achei que era razoável a demora. Fui a última a ser atendida. Não faz mal. Mais uma vez o exame completo, desta vez com história detalhada do parto do X, que impressionou muito a enfermeira mas que a médica achou muito estranho... Também eu, minha amiga!
Seja como for, combinámos que eu levaria a informação possível na próxima consulta, o relatório médico, e eu comecei a rir. Afinal o relatório da Estefânia que me foi dado quase um ano depois e a minha descrição do parto parecem sobre dois acontecimentos diferentes, mas enfim.
Da parte que importa - esta consulta, esta gravidez, este parto - pareceu-me tudo muito bem. Continua a faltar a identificação dos profissionais de saúde, mas não há nada como perguntar... E não fosse outra médica entrar enquanto eu vestia as cuecas depois do toque (que foi delicado), sem bater à porta, tinha sido perfeito. Mas bom, educação daquela boa que nos dão em casa nem todos temos. E os que temos, devemos ser pacientes com os outros, verdade? Ai, estou tão crescida!

A próxima consulta é só daqui a 15 dias, apesar de todas as recomendações médicas para que o último mês seja vigiado de perto. Mas como gravidez não é doença... siga para bingo. De qualquer forma não acredito muito ter outra consulta. É que hoje é noite de lua cheia...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Muitas vezes dou por mim espantada por já ser mãe. Por ser tão crescida que já sou capaz de criar uma criança. E agora, com espanto meu, vou criar mais uma. Estes são os relâmpagos, que não aparecem só porque há tempestade. Por vezes aparecem no auge da felicidade. Depois olho para o X e ele diz-me que sou capaz de fazer isto, de ser mãe e outra vez. Sem dizer nada.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Instantes do fim-de-semana

Sábado à tarde, roda gigante em Belém, com gelado e dois passeios pelo ar.

 Domingo de manhã, Piscina livre no Casal Vistoso, para fugir ao calor e ao peso dos corpos.
E foi um fim-de-semana perfeito!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Nascer na MAC ou onde calhar?

Com o fecho da Maternidade do Hospital D. Estefânia (MHDE), resolvi marcar consulta na MAC, mesmo se o SNS me continua a dar como centro de referência o hospital das criancinhas... Não faz sentido para mim que as consultas de referência sejam num lugar diferente daquele destinado ao parto, por isso telefonei para a MAC e pedi para ser seguida ali. O desejo foi facilmente concedido ao telefone por pessoal muito simpático. Pensei que só por esta simpatia já valia a pena a mudança - foi algo muito diferente do atendimento que me foi dado pelos administrativos sempre que contactei com a MHDE, bastando lembrar a última abordagem pelo telefone em que ouvi "E muita sorte tem a senhora por ainda ter consulta aqui." Na verdade, deixou-me muito mais descansada.
Fui a semana passada fazer a visita à MAC. Um grupo de grávidas, entre as quais eu, e alguns maridos tivemos oportunidade de ter uma visita guiada por uma enfermeira, como é procedimento habitual naquele hospital. Vimos o espaço das consultas, a entrada pelas urgências, as salas de partos, as enfermarias, a sala de amamentação. As minhas impressões sobre a MAC dividem-se, assim como as minhas opiniões em relação ao fecho da MHDE.
Na MAC,as urgências e salas de partos são modernas; o pessoal é simpático e humano. Há protocolos bons para as mães, como a colocação do bebé ao colo, o recobro na sala de parto, segundo o que a enfermeira guia descreveu. Depois, as enfermarias são assustadoras, muito assustadoras, apinhadas de camas, sem segurança electrónica para os bebés, com casas de banho afastadíssimas de alguns dos quartos múltiplos, não há cantina. Paredes, portas, janelas, escadas e elevadores estão a cair de podres.
Tanta história por causa da junção dos serviços dos dois hospitais para optimizar o serviço e os funcionários e afinal no dia que visitámos a MAC não havia pessoal para o espaço de apoio à amamentação, pelo que estava fechado. Quando lá entrámos tocava um telefone e ninguém o atendeu. Azar para a senhora com problemas nas maminhas no outro lado da linha... Mas temos todas de amamentar os putos até aos 2 anos!
A consulta de referência na MAC é às 38 semanas. Será que as criancinhas todas nascem agora de 42 semanas como o meu primeiro filho?
Na MHDE, onde tudo era moderno, havia segurança electrónica para os bebés, para que as mães pudessem ir, por exemplo, à casa-de-banho descansadas, ou almoçar à cantina no piso descansadas. Não percebo uma coisa simples: porque é que um bloco de maternidade inaugurado em 2001 fecha 10 anos depois quando dispunha de condições físicas excelentes? É certo que o pessoal administrativo e algum médico eram umas bestas, mas parece que se corre o risco de levar com eles na MAC.
A consulta de referência na MHDE era às 36 semanas, conforme recomendam todas as leituras que fiz até hoje. Digamos que nos tempos que correm, em que tanta gente deixa de ter obstetra privado, era capaz de fazer mais sentido antecipar as consultas com os especialistas do que adiá-las para as 38.
Podem explicar-me porque é que se prefere apinhar mais pessoas numas instalações decadentes, antes de fazer as obras que tão evidentemente precisam? Porque é que não se prefere redireccionar utentes para os blocos e as enfermarias melhor equipados, mais confortáveis, mais amigos do pós-parto? Eu olhava para as enfermarias e pensava "Eu vou é para o Francisco Xavier."
E quando se der sobrelotação da MAC o que é que vai acontecer a quem ficar de fora? Vamos parir nos corredores? Ou mandam-nos para casa e seja o que deus quiser?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Rui Pedro

Nunca vi uma mulher tão triste como a mãe do Rui Pedro estava ontem. Daquela tristeza que come por dentro, que suga a vida. Uma tristeza assim é como um cancro interminável. Não devia ser possível que uma mulher passasse por uma perda tão grande. Uma justiça assim tão lenta também mata uma pessoa.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

É só por acaso

É só por acaso que 40% das crianças portuguesas são pobres. Não há razões sociais nem políticas para que 40% das crianças portuguesas sejam pobres. Duas em cada cinco crianças vivem na pobreza. Mas é só por acaso e nós não podemos fazer nada em relação a isto. Não podemos reorganizar a sociedade, não podemos votar noutra gente, não podemos exigir um país melhor. Vá, deixem ficar tudo na mesma para que estas crianças também não contem nem votem quando crescerem, porque não vale a pena.

Apoios sociais? Uma merda! Invista-se na escola a sério para todos, desde o dia em que a mãe tem de voltar ao trabalho!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mitos democráticos: o voto útil e a falta de alternativas

Voto útil e alternativa são conceitos inventados e manipulados pelos barões da democracia portuguesa para que nada mude, para que tudo continue como está. Porque no fundo esses barões continuam a ser os mesmos assinalados há muitos e muitos anos atrás. O país tem de passar a ser dos que cá vivem e não de dois ou três com lugar cativo no camarote. E para que isso aconteça o essencial é que o primeiro-ministro e os membros do governo sejam boas pessoas, não se queiram encher, nem oferecer regalias aos primos e aos amigos. Tudo o resto vem por acréscimo.
O Lula da Silva metia medo nos anos 80. Se ganhasse a presidência do Brasil de certeza que tudo ía ficar pior. O Lula da Silva perdeu eleições para gente ordinária, como o Color de Melo, que logo mostrou a sua índole corrupta. Afinal, quando o Lula da Silva ganhou a entrada no Palácio do Planalto, há dez anos atrás, o Brasil não ficou sem criancinhas porque afinal os comunistas do PT não comiam criancinhas. Também não ficou sem investimento estrangeiro, porque o Presidente comunista conseguiu garantir o funcionamento das leis pré-existentes, aliás, até conseguiu captar mais investimentos. Afinal, o país não ficou mais pobre e a economia até se tornou das mais fortes no mundo. E, espectacular, a pobreza que lá é aos milhões também diminuiu ao ponto de diminuir a emigração e o Brasil voltar ao imaginário dos portugueses como lugar fértil para ir viver.
Por falar em portugueses, nas últimas legislativas o Pacheco Pereira veio avisar-nos dos perigos de uma coligação do centro com partidos trotskistas. Ui, que medo! Este senhor anda muito caladinho ultimamente (é, é chato ter um arrivista de Queluz, como líder do PSD), mas é daqueles que instiga na população portuguesa o medinho de que venham os comunistas e nos entrem pela casa a dentro e ocupem isto tudo. A nossa casa tem dois quartos, é no subúrbio, mas custa muito a pagar, por isso é melhor que os partidos de esquerda continuem a ser oposição.
O que dizem estes pequenos proprietários se vierem os bancos ocupar-lhes a casa por falta de pagamento das prestações? Que agora as prestações até podem aumentar não só pelo aumento da Euribor como pelo spread. Enfim, se houver necessidades de mercado é justo que os bancos aumentem os ganhos nas nossas prestações apesar de quase não as conseguirmos pagar. Breve nota: esta possibilidade foi aprovada pelo parecer do Banco de Portugal, tão próximos que andam os seus presidentes do PS.
Não há alternativas? Ponham os olhos no Lula que, como diz uma amiga minha da direita, “cresceu um bocadinho quando se tornou Presidente e honrou compromissos.” A malta dos outros partidos não tem ar de estadista? Porque estes tipos bonitos que andam vestidos de Armani têm… E qual é o problema de querer renegociar a dívida? É mais razoável pagar o que se pode, devolvendo o capital investido e um pouco mais ou não pagar nada, dar o tal calote, porque o país está tão mal que não consegue devolver dinheiro nenhum? Para mais, Portugal já perdoou dívida externa a países emergentes, como Angola. São processos normais.
O plano do FMI garante que conseguimos pagar? A Argentina teve a intervenção há 11 anos atrás e o país ainda não se recompôs. A Grécia um ano depois do plano que ia levantar a sua economia continua de rastos. Um ano na vida de um desempregado grego é muito tempo… Não há alternativas? Não, se considerarmos apenas os tipos bonitos que vestem Armani realmente são muito parecidos, da qualidade da dentição ao estilo político. Realmente há uma diferença: o Portas e o Passos ainda respondem em directo, o Sócrates só em diferido e com a certeza que fica bem na fotografia…
Pior do que está, a política portuguesa não pode ficar. Qual é o problema de votar em partidos pequenos? Eu consigo imaginar uma assembleia muito mais divertida com 1 deputado do MEP e outro do PAN, etc, etc. Qual é o problema das coligações, se elas existem em quase todos os países da Europa? A senhora Merkel, essa grande senhora, governa em coligação e pelos vistos consegue ir fazendo o que quer. O Zapatero também. Ai, a assembleia pode cair e país fica sem governo. E qual é a diferença em relação ao que vivemos actualmente? 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crianças que falam

Quando me perguntam como é que o meu filho fala tão bem eu não sei responder. Falo com ele como uma pessoa normal? O video que descobri hoje explica bastante bem como é que fazemos em casa. Eu pensava que toda a gente fazia assim, mas pelos vistos não...


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Bye, bye Estefânia?

A Maternidade do Hospital Dona Estefânia está a fechar. Devagarinho, discretamente, para que ninguém dê pelo encerramento. No mesmo dia em que recebi a carta para a consulta de referência na Estefânia, a das 36 semanas, saiu apenas uma notícia no DN sobre a fusão dos dois serviços de maternidade: o da Estefânia e da Maternidade Alfredo da Costa. A data apontada para o fecho deste serviço - fecham o bloco de partos e as urgências - é 6 de Junho. O meu bebé deve nascer no princípio de Agosto. Mas continuam a marcar consultas para a Estefânia... Sou só eu que acho isto um absurdo?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Gravidez não é doença?

Experimenta lá, ò velha do autocarro,
andar com uma mochila que pese uns dez quilos amarrada à barriga.
Põe o dobro do peso do peito que tens normalmente em cada mama.
Sente o calor e a tensão baixa como se já estivesses no pico do Verão.
Admira os teus finos pés e tornozelos tão inchados que nem os reconheces.
E depois diz-me porque te espantas quando eu te explico
que gravidez não é doença mas é quase
e por isso, com licença, eu vou sentada.

É claro que se pedires com jeitinho e educação sou capaz de me levantar. Assim não, tenho muita pena.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Das tretas sobre o desemprego

Os desempregados são calões, não querem trabalhar. Com a ideia peregrina do grupo de reflexão do PSD, que defende a penalização na reforma de quem tenha recorrido ao subsídio de desemprego, não me espantei. Afinal sabemos que tais grupos são formados por pessoas que não têm problemas de empregabilidade e talvez por isso sejam pouco sensíveis aos problemas de quem está desempregado...
Choca-me mais quando o cidadão comum afirma violentamente, como ouvi hoje no fórum da TSF,
“quem está no subsídio de desemprego devia passar a dever ao Estado e pagar o valor que recebe, progressivamente, ao Estado quando encontrasse emprego, para encontrar emprego mais depressa.”
Eu olhei para o rádio e disse alto várias vezes “espero que amanhã fiques desempregado."
Esta ideia até podia ser bonita num cenário de pleno emprego. Quando há mais de 11% de desempregados num país esta ideia ofende. Ofende quem trabalha há 10 anos e de um dia para o outro ficou desempregado. Ofende quem trabalha há 20, nunca parou, foi melhorando progressivamente na sua carreira, mudou a convite para um emprego melhor, mas sem a segurança de um contrato sem termo, e de repente ficou sem emprego. Ofende quem trabalhou 40 anos numa fábrica e de repente a fábrica fechou e ficou sem emprego.
O país está como Pinhel, onde fecham fábricas de sapatos e não há outro lugar para ir trabalhar, como a Guarda, onde as fábricas de queijo diminuem a produção e reduzem o número de empregados e não há outro lugar para ir trabalhar, como Lisboa, onde se fecham serviços especializados e não há lugares congéneres para ir trabalhar e a experiência acumulada de cada um é um obstáculo a encontrar emprego noutra área.
Não há emprego. Não há trabalho. A economia está em recessão. A maioria das pessoas não tem qualificações ou capacidades pessoais para criar o seu próprio emprego. Não há mercado para nenhum sector actualmente, que não seja a exportação. As pessoas não têm um fundo de maneio que lhes permita criar emprego, porque trabalharam sempre apenas para conseguirem pagar as contas de cada mês, sem conseguirem fazer economias, porque os salários são baixíssimos. A partir dos 35 anos começa a ser-se velho demais para que as empresas invistam nestas pessoas.
O tipo de gente que fala daquela forma acha que há empregos? Há 600 mil empregos por ocupar? Há 600 mil pessoas que não querem trabalhar? E o desemprego que aí vem? É concerteza porque há muito mais gente sem vontade de trabalhar... Benza-os deus!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

As novidades que todos querem, verdade?

A contrariar a má disposição com que ando, fruto de um pessimismo que não me é habitual, venho aqui escrever um texto para dar as novidades mais importantes - estas sim são boas!
A cria que está na minha barriga é uma miúda! E sim, está a família toda em pulgas por termos um casalinho... Apesar de querer muito acreditar que a roupa do X servirá à criatura, e de repetir constantemente que é imoral não aproveitar o que temos, já me ando a derreter com as pecinhas de roupa. Ontem na H&M quase comprava uma t-shirt com lacinhos... mas resisti!
Já entrei no terceiro trimestre!!! Com tanto rebuliço na minha vida, esta gravidez parece que está a passar depressa.
A miúda que aí vem é grandalhona e a piscina que a envolve é adequada, o que quer dizer que já tenho uma barriga desmesurada e ela nada, nada, nada constantemente.

Como se vê fui atacada pelo micróbio da maternidade e estou quase a transformar-me numa baby blogger a sério. Mas resisto! Não porei fotografias, nem falarei do meu peso, nem do percentil. Querida mãe preocupada, estás neste momento a fazer de anjinho da minha consciência. Obrigada!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Carta de reclamação à Optimus, mas também serve para as outras

Exmo.s Sr.s,
pela terceira vez o meu prédio recebeu hoje a visita de um comercial vosso com o propósito de vender pacotes de tv por causa da fibra óptica.
Pela terceira vez as informações prestadas pelo vosso comercial estão incorrectas, a saber e cito:
- se não subscrever um serviço de fornecimento vai deixar de ver televisão
- ou então tem de comprar uma box, o que ainda lhe sai mais caro.
Como cada um dos comerciais faz o mesmo tipo de discurso, resta-me concluir que os responsáveis por esta acção estão a prestar as informações erradas aos vosso comerciais, o que nada abona a favor da honestidade da Optimus.
Na minha tentativa de esclarecer o comercial que hoje bateu à minha porta sobre os factos errados do seu discurso, o senhor resolveu ofender-me. Resta-me pois esclarecer os meus vizinhos acerca de prazos e equipamentos necessários, nomeadamente o que se refere aos aparelhos de televisão comprados depois de 2009 que não necessitam de qualquer outro equipamento para acederem ao sinal de TDT.
Resta-me ainda pedir-vos o favor de informarem devidamente as vossas equipas para que não ocorram novas visitas com este discurso.
Agradeço a atenção dispensada. Os melhores cumprimentos,

Depois da tempestade

Vem a bonança. Vá lá, vá lá, por favor! Vá lá! Parem com isto! Já chega!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ajuda externa

Amanhã vou levantar todo o dinheiro que tenho do banco. São para aí... 100 euros!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os censos e eu e o ensino

Questionário individual, que preencho pelo meu filho, pergunta 15:

Está a frequentar ou alguma vez frequentou o sistema de ensino?

Coiso. Eu respondi não mas gostava de responder "coiso." É que uma creche não vale como sistema de ensino mas, assim sendo, as criancinhas ficam entregues a quem?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Rir é o melhor remédio

Aguardo serenamente a minha vez. Estou de pé na fila para marcar a ecografia. Não peço para passar à frente porque imagino que quem ali está também tem razões prioritárias. E depois aparece um homem que ignora a fila única e resolve colocar-se ao balcão "é só para levantar exames!" Eu explico que é a minha vez e ele diz-me que não me viu... E eu penso "tão pequenina que sou com a minha barriga de grávida e o meu metro e setenta..."

Apesar disto o tipo não sai do balcão eu ainda lhe pergunto se não se importa de me dar alguma privacidade, conceito que ele, afinal, desconhece. Bom, está bem, vamos lá marcar a ecografia com público de proximidade. Quando a senhora do consultório me pergunta se no dia tantos às tantas horas é conveniente para mim, não resisto. Viro-me para o homem e digo-lhe "Para mim é. E para si? Dá-lhe jeito a esta hora? Ah! Não vem comigo? Pensava que sim." O tipo ficou ofendidíssimo, mas foi uma maravilha ver o consultório inteiro a rir à gargalhadas. A gravidez tem destas coisas... uma pessoa às vezes supera-se.

terça-feira, 29 de março de 2011

De uma carta para o Luxemburgo

(...) O maior problema de Portugal são as pessoas que cá vivem, não são as instituições ou os políticos. Estes são só reflexo do egoísmo pátrio em que vivemos há séculos.

domingo, 27 de março de 2011

Obrigações

Hei-de obrigar os meus filhos a olhar para o tecto. Hei-de ensiná-los a não fazer nada. Hei-de ajudá-los a descobrir que é bom não ter ocupação de vez em quando. Hei-de de explicar-lhes que a poesia é o mais importante na vida, porque é inútil e não nos serve para outra coisa que para pensar.

terça-feira, 22 de março de 2011

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No mesmo dia em que perco um amigo, outro surge de onde não suspeitava. E é por isto (também) que a vida é uma beleza.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O que andamos a ler...


Trouxe este livro de Tavira. O avô da minha melhor amiga morrera e eu herdei-lhe a pequena biblioteca. Pequena porque este e os outros livros que trouxe são infantis, mas são mais velhos que eu. Uns foram publicados em 1976, outros em 77, pela Plátano. É esta colecção que andamos a ler. Um ou dois livros cada noite, antes do X dormir. As histórias são simples, bonitas, divertidas. O X adora as lenga-lengas tradicionais, mas desta capa dizia "Quero a história do computador." Como é que lhe explico o que é uma máquina de escrever?  Não é preciso. A autora Inácia Fiorillo e o ilustrador Zé Paulo fazem-no muito melhor do que eu. A história é a de uma máquina que chora porque acha que já não sabe escrever, mas depois tudo se resolve. É tão bonita! Só é pena que já não esteja à venda nas livrarias.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vai bem o país

Quando o nível da discussão política é :

- dizes isso porque nunca passaste por uma situação dificil.
- dizes isso porque podes. Tu tiveste muita sorte na vida.

é porque o país vai muito bem.

PODEMOS DISCUTIR IDEIAS?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Eu não entendo a Geração à Rasca

Peço desculpa mas sou careta. Peço perdão, mas quando os cabelos brancos me aparecem na franja começo a ficar contente. Tenho 32 anos. Tinha 15 quando o Vicente Jorge Silva chamou aos meus irmãos mais velhos Geração Rasca. Estou pela primeira vez desempregada. A notícia do despedimento chegou no princípio de Fevereiro. Estou grávida e creio que essa é a única razão pela qual ainda não estou vinculada a uma outra empresa.
Em 1999, fiz os meus primeiros descontos para a Segurança Social. Em 2002, comecei a trabalhar de forma ininterrupta. Em 2003, aluguei uma casa manhosa, manhosa, mas saí definitivamente de casa dos meus pais. Nunca mais tive dinheiro dos pais. Aliás, a mesada era um conceito que não existia lá em casa. O que existia lá em casa era uma família que dava importância ao estudo e ao trabalho.

E se eu queria dinheiro para ir ao teatro ou se quis fazer Erasmus em Barcelona, trabalhei para poder ter dinheiro para o fazer. Em 99 descontei quando trabalhei na bilheteira de um cinema, depois numa livraria. Antes disso juntava dinheiro a fazer biscates. Se quis ir ao Sudoeste a primeira vez, fui de roulote de hamburgueres. O trabalho patrocinar-me-ia a entrada nos concertos. Depois de lá estar, o dinheiro que estava a fazer era tão bom que acabei por não ir a concerto nenhum. Mas os Corvos vieram montes de vezes à nossa roulote!!!!

Não entendo a Geração à Rasca. Há boa gente com pouca idade a trabalhar de mais para ganhar de menos, há. Mas também gente medíocre que espera ter direito a tudo só porque sim. Como se o trabalho e o salário fossem uma mesada mais, que se pedincha mas não se merece. É como acontece com as notas da escola. Um estagiária pediu-me que lhe desse uma nota de estágio mais alta porque "toda a gente aproveita o estágio para subir a média." Não porque ela tivesse mais valor do que aquilo que tinha demonstrado. No secundário os miúdos pedem notas em auto-avaliação que não são correctas, mas sabem que as conseguem nos conselhos de turma. O meu primo mais novo está no oitavo ano e não sabe fazer contas de somar... O Marco que aparece numa reportagem da TVI tem 15 anos, não saber ler, mas também está no oitavo ano.

Faz tudo parte do mesmo. Porque se esta Geração à Rasca soubesse ler, não escolhia para hino a música dos Deolinda. Não é dúbio que a crítica feita pelo autor é a esta gente que é retratada na letra. É óbvio.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Que parva que eu sou!
As folhas A4 com a descrição dos problemas individuais que se entregarão na Assembleia da República (ainda me vão explicar como) servem para quê? O problema da Geração à Rasca não se resolve por decreto. Resolve-se pela acção que cada um resolver tomar. Se cada um perceber que se trabalha por um salário e não por um estatuto. Se cada um exigir ser pago como gente grande quando exerce funções de gente grande. Se não houver sempre alguém disposto a fazer tudo a troco de nada, as coisas mudam. E depois, incomodar-se para quê? Se estão em casa dos pais a viver a tenças...

E depois há a todas as gerações mais velhas, que se debatem com os mesmos problemas de incerteza quanto ao futuro, de recibos verdes intermináveis, de ausência de prestações sociais em caso de doença ou incapacidade. Mas que não são putos mimados e que vêem apenas como solução trabalhar, trabalhar, com muita honestidade.

O país é uma merda. Nisso concordamos todos. Mas esta gente que tem 30 anos vota há quanto tempo nos mesmos? O Cavaco ganhou depois de uma greve geral! O PS teve uma extraordinária vitória nas últimas legislativas, mas ninguém votou neles... Têm 30 anos e quantas vezes antes exigiram os seus direitos? Quantas vezes fizeram uma reclamação? Quantas vezes tomaram a iniciativa de tornar o seu mundo ligeiramente melhor? Quantas vezes exerceram um trabalho com tanta seriedade que a sua promoção se tornaria evidente, inevitável?

Peço desculpa, mas eu só comprei o meu primeiro carro há um ano e deve ser por isso que não entendo estas coisas...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Rendi-me ao carnaval

Se eu fosse uma mãe em condições tinha feito uma peruca de lã e um fato de remendos para o rapaz. Rendi-me hoje ao consumismo e fui comprar um fato de palhaço rico a uma grande superfície... Nem sequer gosto muito do fato. Espero que o X fique mais contente do que o ano passado em que, na creche, era o único não mascarado.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

As psicólogas baratas

Fui à reunião com a psicóloga da creche, que era na verdade uma palestra sobre a importância dos limites a impor às criancinhas. Descobri que há uma fórmula perfeita para as educar. Eram uns dez mandamentos sobre a importância da coerência, da autoridade, mas não do autoritarismo, da liberdade e de mais uns quantos chavões.
Gostei muito da frase "a criança não precisa de tios, nem de amigos, mas precisa de pais." Esqueceram-se foi de explicar o que é isso de ser pais e quando eu perguntei, a resposta ficou por dar...
Ah, a tabela da felicidade e da educação perfeita era perfeita! Quando eu não tiver excesso de trabalho, falta de dinheiro, cansaço crónico, ou por outra, quando eu conseguir dormir todas as horas que preciso, passar mais tempo em casa e quando lá chegar tiver tudo pronto da limpeza doméstica ao jantar... quando as preocupações com a família forem estrictamente mononucleares... bom nessa altura, vou conseguir cumprir a tabela da felicidade à risca! E vou ser a mãe perfeita.

Até lá... não quero saber de psicologia barata. Faço o que posso.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A creche ilegal

Ontem fiquei em casa de manhã e vi essa contribuição generosa para a sociedade que é o programa Praça da Alegria, da RTP 1. Estavam os senhores apresentadores - Jorge Gabriel e Sónia Araújo - todos indignados porque os vizinhos não tinham denunciado a existência de uma creche clandestina no prédio onde viviam, a creche da Morais Soares. Também estavam indignados com a falta de fiscalização, com a ausência de instituições que fechem esta casas.
Senhores apresentadores façam o favor de sair da bolha de conforto em vivem, ponham o pé na rua e olhem para a realidade em redor. As creches ilegais da Morais Soares e arredores devem ser às dúzias. Eu conheço pelo menos duas amas ali perto que apoiam as famílias. A fiscalização do Estado não funciona porque não convém. Se estas casas forem fechadas há muita gente que deixa de ir trabalhar porque não tem onde colocar os filhos. É uma questão de dinheiro ou falta de cuidado dos pais? Nem uma, nem outra. É uma questão de inexistência de recursos.
A creche clandestina da Morais Soares fica na Penha de França. Na Penha de França, estão registados 18 mil moradores (os ilegais não contam, mas basta andar na rua para imaginar a quantidade). Há muitíssimas famílias jovens que para ali vão morar porque as casas são as mais baratas do centro da cidade (é o nosso caso).
E quantas creches há na Penha de França? Quantos berçários? Há 1. Sim, UM. Que recebe 8 crianças por ano a partir dos 4 meses, mais doze com 1 ano, mais 14 com 2... Depois há um jardim infantil privado e duas ipss que recebem crianças com mais de 3 anos. Nestes, que são perto de casa, nunca o meu filho teve vaga.
Só falta acrescentar que nem a proposta do BE na assembleia municipal, nem a proposta dos cidadãos no Orçamento Participativo para a construção de uma creche e jardim infantil foram aprovados. Mas a cidade vai ter um campo de raguebi no Lumiar...
É preciso explicar mais alguma coisa?