As crianças são surpreendentes. O inato é enorme nelas. Ou então andam a ficar espertos depressa. A primeira vez que o meu filho ficou com os avós e sem mim, tinha quase três meses. Eu tinha obras para fazer em casa e ele passou a tarde na casa dos avós. Quando o fui buscar estava diferente. Não sorriu para mim como já costumava fazer e durante o caminho todo insistiu em não olhar para mim, ao contrário do que era habitual quando íamos de carro a algum lado. Quando contei isto era, supostamente, imaginação minha que ele era “muito pequenino para ter sentimentos”...
Preparámos o meu regresso ao trabalho como pudémos. Passamos a maioria dos fins-de-semana junto aos meus sogros, para que o meu filho fosse ficando com eles, a fim de se habituar. Correu sempre tudo bem, todos os dias. Os meus sogros tinham uma alegria imensa e constante em ficar com o bebé e ele retribuia. Houve tardes inteiras em que estiveram só os três e correu sempre tudo bem.
A minha primeira semana de trabalho passou-se sem dificuldades. O meu marido ficou de férias para fazer a transição semanal. Todos os dias da semana foram para lá e tudo correu bem. Na verdade, na casa dos meus sogros tudo continua a correr bem. O meu filho é que está claramente zangado comigo, por eu o deixar tanto tempo sem mim. Quando eu regresso a casa para o ir buscar, começa a chorar. Parece que se lembra que eu o deixei por muito tempo. Lá o consigo acalmar e depois de mamar, fica tudo bem... até ser hora de deitar.
Quando chega o sono, é um filme. Ele percebe que está a adormecer e não quer. Acho que associa o sono dele à minha ausência. Ontem foi exasperante. Só dormia ao meu colo. Assim que o colocava na cama acordava aos berros. Não queria dormir ao colo do pai e olhava para ele com um ar estranho. Já estávamos os dois a desesperar quando finalmente, e ao colo do pai, apagou. Supostamente ía dormir às nove e esta tourada durou até à meia-noite. Acordou às 4 para comer (é costume) e às 6 da manhã, com um bocadinho de luz no quarto, acordou para brincar (é costume).
Estava super bem disposto até lhe chegar o sono outra vez, por volta das 8h00. Seguiu-se mais uma hora de choro contínuo, em que eu e o pai íamos trocando a sua companhia, para nos conseguirmos arranjar para sair. Finalmente, adormeceu e, mais uma vez, quando acordou estava em casa dos avós. Refilão, rabujento e à procura de maminha. Mas isto dele estar zangado comigo, deve ser impressão minha. Afinal, “ele é muito pequenino para ter desses sentimentos”...
4 comentários:
Ora essa não têm sentimentos! Claro que têm! E claro que ele ficou zangado contigo porque não estás com ele o tempo todo como estavas antes. O meu quando voltei a trabalhar teve a mesmíssima reacção. Mas é mesmo assim, é só uma questão dele se ir habituando.
Beijinhos
Isso aconteceu-nos quando estivemos uma semana de férias sem ele :(
Mas passa depressa!
Sim, claro que sentem as coisas e há bebés mais sensiveis que outros mas qualquer alteração à rotina habitual é o suficiente para eles darem por isso. Mas a vida anda e anda e anda e principalmente dá muitas voltas. Rápidamente eles apercebem-se que os papás são das poucas pessoas do mundo que têm um amor incondicional por eles, acima de qualquer obstaculo e quando é preciso, são eles que estão na linha da frente. E tudo se compõe. E mesmo estas "dores e frustrações" que eles passam, são na minha opinião, armas importantes para usarem no futuro, ou seja, têm que passar por elas para aprender a lidar e ultrapassar, sim porque ainda vão passar muito nesta vida e infelizmente não os podemos protejer de tudo.
Beijocas grandes
nem sempre é fácil!
gostei do teu blog, voltarei certamente.
um beijinho cheio de cor
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