Hoje dou por mim chocada a ouvir a história da criança morta em Aveiro pelo esquecimento do pai. Não sei o que pensar do pai.
Um pouco antes tinha ouvido a história da sexta-feira passada, de uma empresa maioritariamente composta por mulheres em que as próprias mulheres dizem que ter filhos não é argumento para sair às sete ou às oito. Note-se que se começa a trabalhar às 10h00...
Que raio de sociedade é esta?
Um pai não se lembra do filho no banco traseiro pela mesma razão que aquelas mães ficam a mostrar que trabalham até tarde. Pela importância que se dá ao trabalho. Pela prioridade face a tudo que o trabalho tem nas nossas vidas. E sim, eu preciso de trabalhar. E sim, eu faço serões quando é preciso. Mas limito ao máximo esses dias. Organizo o meu dia e trabalho muito. Desde que sou mãe trabalhadora que não perco tempo a fingir que trabalho ou em conversetas de bastidores. Renuncio militantemente às horas extraordinárias para estar com o meu filho.
Que raio de empresa é esta que pensa (enquanto pessoa colectiva pode pensar, certo?) que a vida privada não pode afectar os colaboradores?
E quem somos nós afinal, para andarmos tão atarefados, tão preocupados, tão sonâmbulos que não ouvimos uma criança de 9 meses a chorar, fechada dentro de um carro estacionado no meio da rua?
Se eu me esquecer do meu filho no banco de trás, por favor partam a janela!
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