"Eu não sei o que o meu filho faz na escola."Depois disto vêm as culpas da escola na falta de educação dos filhos e até no não serem capazes de deitar os miúdos cedo. "Eu preferia que não fizessem a sesta," diz a mãe cara de bruxa má.
"Eu gostava de saber ao detalhe como passam o dia."
"Eu não queria estar a ensinar coisas ao contrário do que ensinam aqui."
"Eu acho que o meu filho andou para trás."
Os miúdos têm alguns 2 anos acabados de fazer, outros fazem 3 a partir de Janeiro. Alguns pais estão preocupados com o desempenho de tarefas, como se fosse preciso saber já se terão grandes capacidades intelectuais. Alguns pais põem em causa a educadora, mas não o seu desempenho enquanto pais. Estes pais que não sabem o que os filhos fazem durante o dia também não lêem o plano semanal colocado à porta. Também não podem ir a uma aula quando a educadora convida. Também não entram na sala para ver os trabalhos...
Felizmente está lá a S. que olha para mim e me faz sentir que eu não sou a única ET. Somos duas... A escola do X. tem muitos defeitos. A sala deste ano é pequena. A ementa não é muito variada. E as conversas com a direcção parecem cair às vezes em saco roto. Para IPSS é muito cara. Mas eu confio na escola porque vejo que as crianças, na sua maioria, estão felizes; porque toda a gente se trata por igual; porque toda a gente sabe o nome de toda a gente. E depois, confio muito na educadora, porque sempre que precisei falou comigo, porque me ajudou sempre, porque o meu filho é uma criança feliz também graças ela, porque ela ensina pelos afectos.
E é disto que falo quando intervenho. E confirmo: sou um ET.
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