sexta-feira, 18 de abril de 2008

É um nim

Hiperplasia da Supra-Renal. Foi isto que entendi, mas só à terceira consulta de endocrinologia. O meu filho tinha indicadores químicos próximos dos habituais nessa doença congénita autossómica recessiva. Só percebi à terceira porque estes eram os termos utilizados pela médica, termos demasiado médicos para que eu pudesse compreender, sobretudo no estado debilitado em que me encontrava.
À terceira consulta lá consegui finalmente decorar o nome da doença. E consegui perceber que havia cortisol a mais envolvido na condição de saúde do meu filho. Mas que não era tanto que chegasse para afirmar definitivamente que ele era doente ou que fosse necessário fazer medicação. A médica sorria e dizia "É um nim. E estes casos são muito habituais na população portuguesa. Está relacionado com as origens sefarditas dos portugueses."
Vim para casa com a recomendação de que se alguma coisa se alterasse no seu estado: se parasse de crescer a olhos vistos, como até então, se deixasse de ser um bebé calmo como era, se deixasse de ter apetite ou ficasse repentinamente cansado, que fosse a correr para as Urgências do Hospital Dona Estefânia e dissesse Hiperplasia da Supra-Renal. Vivi umas semanas de pânico, sempre à espera que uma crise acontecesse. Sempre atenta às horas das mamadas, sempre atenta ao peso, sempre atenta a eventuais sinais de desidratação. Até hoje não aconteceu nada de grave, felizmente, e a cada consulta nova (agora a um ritmo mensal) espero que me digam que não é necessário lá voltar. Mas já sei que só depois do primeiro ano é que o meu filho vai deixar de ser um nim. Só nessa altura poderá fazer um exame mais conclusivo.
Quando fiquei boa (ou pelo menos melhor) dediquei-me à pesquisa na internet sobre estes termos estranhos - Hiperplasia da Supra Renal - e descobri, mais uma vez, que em Portugal o conhecimento é para as capelinhas. No site da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, não há informação relevante sobre a doença. Quase tudo o que sei hoje e que me possibilitou fazer perguntas e mais perguntas à médica, está em sites brasileiros. A terminologia é diferente nos dois países, mas se não fosse o Brasil onde há muitos estudos publicados on-line, provavelmente ainda hoje não sabia metade do que sei. Claro que tinha sempre as sociedades de endocrinologia anglófonas e francófonas, mas se já é difícil perceber em Português, quanto mais em Inglês ou Francês.
Assim, que quiser saber mais sobre esta doença pode pesquisar em www.endocrino.org.br/, http://www.hse.rj.saude.gov.br/profissional/revista/36b/hiperplasia.asp e http://www.lusoneonatologia.net/.

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