sábado, 24 de maio de 2008

Amamentar não é só uma questão

A primeira vez que descobri que se tinha de pensar sobre a amamentação foi quando a minha irmã ficou grávida. Uma amiga perguntou-me se ela já tinha decidido o que fazer. A pergunta era estranha para mim. A meu entender a amamentação funcionava assim: se tivesse leite amamentava, se não tivesse (ou quando não tivesse) não amamentava.
Depois fiquei grávida e o meu corpo começou logo a dar sinais de que teria leite. A partir dos 5 meses tive de andar sempre com discos de amamentação - coisa que eu odiava. Durante este período, apesar de eu nunca pôr em causa o aleitamento materno, senti-me imensamente pressionada para amamentar. Como a mentalidade actual (diferente daquela que existia quando nasci) é muito favorável à amamentação, dizer qualquer coisa contra é quase um sacrilégio. Confesso que me senti ofendida quando li e ouvi coisas do género: as crianças alimentadas a peito são mais inteligentes e mais ligadas às mães. Sim, há estudos que o comprovam. E foram feitos de forma isenta? E foram tidas em conta outras variáveis? Por exemplo, que as mães que alimentam até mais tarde podem ser melhor alimentadas por que são de classes mais elevadas e que a inteligência dos seus filhos tem só a ver com os estímulos a que as crianças são expostas à posteriori? Nunca ouvi ninguém pôr esta hipótese, apesar de a mim me aparecer como uma evidência científica.
Graças às aulas de preparação para o nascimento, preparei o meu corpo para a amamentação e quando o leite subiu, a meio da noite no hospital, soube exactamente o que fazer: pegar no bebé e pô-lo a comer. Resultou. Não tive dores, nem febres, nem o peito ficou rijo. A practicidade da coisa também é aliciante. Com a vida já tão condicionada pelo nascimento do bebé, ainda assim permite improvisar um bocadinho e ir a algum sítio que não estava previsto, porque a alimentação está sempre garantida. E nem é preciso aquecer!
Mas, apesar de tudo correr bem nesta matéria, também nunca consegui gostar particularmente de amamentar, do acto em si. É aborrecido e às vezes dói. É inquietante não saber que quantidade o bebé engole. Se há uma semana em que não o vejo crescer, fico logo com dúvidas acerca do meu leite ainda ser bom.
Com o passar do tempo percebi que, mesmo não gostando de amamentar, não queria deixar de o fazer. Nem sequer parcialmente. Descobri que isto do aleitamento correr bem me ajudou imenso a ultrapassar as dúvidas acerca da minha capacidade de ser mãe, que eu senti tão posta em causa pela forma como o meu filho nasceu. A menos de um mês de regressar ao trabalho tenho recebido constantes pressões para ir experimentando outro leite, começar a dar sopinha e outros blablablas. Já vamos no segundo leite de farmácia e não há meio de o meu filho pegar no biberon. Parte-me o coração cada vez que experimentamos: o bebé olha para mim com um ar deseperado. E depois eu dou-lhe mama e fica tudo bem. Para ele e para mim também...

5 comentários:

Manuela disse...

Ignora esses comentarios e "palpites" e segue a tua intuição.
Provavelmente quando voltares ao trabalho vais ter as 2 horas de redução, não é?
Sendo assim é só uma questão de te organizares e conseguirás manter a mama. Terá que fazer uma refeição, sopa por exemplo, mas será o suficiente enquanto a mamaoca não chega.
Eu consegui faze-lo.
O meu também nunca pegou em biberões ou outros leites. Só quando o desmamei é que teve mesmo que ser (aos 14 meses).
Boa sorte.

gneves disse...

Oi, também ouvi esses comentários, e o certo é que até hoje não dei nenhum outro leite a não ser o meu, a minha bebé tem 5 meses e meio, com o início do trabalho os horários são os seguintes: dou de mamar antes de sair para o trabalho, depois na hora de almoço come a sopa e como chego cedo, pois gozo das 2 horas de amamentação que tenho direito, mama novamente à tarde, por isso não te preocupes, tenta é quando iniciares as papas ou as sopas começar a fazer um horário que se adeque ao teu, eu apenas deixei de dar a mama a meio da manhã, tudo o resto se mantêm.
Boa sorte

Sandra disse...

Olá mamã,

O meu filhote tem quse 6 meses e ainda só bebe leitinho da mamã. Acontece que pelo menos uma vez por dia dou o leitinho no biberão (normalmente a seguir ao banho) e já tiro leite com a bomba há bastante tempo e congelo. Assim quando vou trabalhar deixo leite para lhe darem. Só vou introduzir a alimentação sólida para a semana e tem funcionado.
Também penso amamenta-lo enquanto tiver leite porque me sinto bem em fazê-lo.

Boa sorte,
Sandra

3Picuinhas disse...

Congela. passo a publicidade mas a avent tem um distemas de biberons tipo descartáveis. T~em uma etiqueta onde podes escrever o dia e ahora em que o leite foi armazenado. depois é só aquecer e voilá...leitinho da mamã! e deixa-te de angústias...as minhas só mamaram pouco e são giras e inteligentes (saem à mãe eh, eh!)
bjs

gralha disse...

Eu andei 2 meses (a trabalhar) a tirar com a bomba para ele continuar com o meu leite. E isso dos biberons o melhor é ir experimentando vários...

Nisto da amamentação, acho que só a mãe e o bebé têm alguma coisa a dizer, e mainada!