Tenho 3 amigas grávidas. Duas delas vão ter o parto onde eu tive. Por elas, pelas outras grávidas que não conheço e por causa dos incentivos que tive neste blogue, vou voltar à carga. Mas desta vez o livro amarelo não me chega porque, afinal, poucas vezes esse livro serve para alguma coisa. A primeira decisão que tomei foi que escreveria uma carta à Administração do Hospital Dona Estefânia, para explicar o que se passou. Carta que será aberta, pois hei-de publicá-la, pelo menos, aqui no blogue. Carta que tentarei fazer chegar, em cópia, à ministra da Saúde. Carta que espero que possa ser replicada e adaptada por quantas sentirem que o atendimento no serviço nacional de saúde foi inadequado.
Na segunda-feira passada, fui ao Hospital Dona Estefânia e, no Serviço de Gestão de Processos deu entrada o meu pedido para consultar o meu processo clínico, do princípio ao fim. Aliás, pedi uma cópia do processo e um relatório médico porque, segundo me informou a senhora por detrás do guichet, raras vezes os processos são dados a conhecer aos pacientes, mesmo que a pedido do médico assistente. Resta o relatório médico, elaborado pelo pessoal da casa onde se descrevem os procedimentos que foram tomados e que é elaborado a pedido do utente. A justificação para pedir para ver o processo do próprio utente tem que ser dada por escrito e convém que tenha fins médicos caso contrário o Conselho de Administração, provavelmente, não autoriza que se facultem os dados do doente ao próprio doente.
Resumidamente: eu não tenho acesso directo ao meu processo clínico que é confidencial até para mim e o relatório médico será feito, no meu caso, com 3 meses de atraso em relação aos factos ocorridos. E será que é feito por um médico imparcial?
É que eu gostava de reclamar baseada em factos concretos e provados, do género: às 39semanas a ecografista esqueceu-se de escrever no processo qual era o estado do cordão umbilical ou a avaliação da dor e da sua origem durante o parto foi mal feita, dado que duas doses de epidural não conseguiram acalmar a paciente. Não sei se é isto que vou conseguir ou apenas um relatório que não relaciona os procedimentos médicos com o parto doloroso e com as consequências dele decorrentes. De qualquer das formas, espero agora que estes materiais me cheguem a casa para depois tomar as medidas certas. Segundo me disse a senhora por de trás do guichet, vou esperar um mês.
2 comentários:
Não costumo comentar, embora tenha acompanhado a sua história.
Faz bem em reclamar. E é corajosa. Essa história de não ter acesso aos dados é completamente ilegal. Seria bom, se tivesse possibilidades, consultar um advogado, que a possa ajudar caso eles neguem o acesso ao processo clínico.
Boa sorte!
Sabe por ventura qual é a legislação que enquadra o acesso aos processos clínicos? Agradeço todas as informações relacionadas com este aspecto. Abraços,
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