sexta-feira, 4 de abril de 2008

Enfermaria 5 estrelas

Não fosse o parto ter sido tão mau, eu andava agora a recomendar aos quatro ventos os nascimentos na Maternidade do Hospital Dona Estefânia. Fui tão bem tratada pelas enfermeiras, tive tantas atenções, fui alvo de tantos cuidados que quando me vim embora agradeci (também às auxiliares de acção médica) pela significativa diferença que fizeram no meu pós-parto imediato.
Cheguei às cinco da manhã à enfermaria, depois de duas horas no recobro. Fui colocada na minha cama e pouco depois entregavam-me o meu filho para mamar. Ficou comigo durante o tempo que eu quis, até que decidi pô-lo no bercinho para que eu pudesse dormir descansada. Como não me conseguia levantar, chamei uma enfermeira que o colocou na caminha e deu-me palavras de incentivo: "Faz muito bem. Assim é mais seguro." Quando acordei de manhã, pedi para tomar banho. Como não me podia levantar sem que me sentisse mal, deram-me banho na cama logo de seguida. Sempre que precisava traziam uma cadeira de rodas para que me pudesse deslocar. Durante os quatro dias de internamento, foram as enfermeiras que me explicaram tudo o que eu precisava saber do estado de saúde do meu filho, do meu estado de saúde.
Estive quase sempre acompanhada por uma enfermeira estagiária que era extraordinariamente sensível. Estava sempre por perto, ajudava-me a perceber as coisas, o que não sabia assumia e perguntava à enfermeira chefe e quando se dava conta que eu não queria companhia, ía-se embora. Foi ela que me acompanhou no primeiro banho de pé e percebeu que não era para entrar no cubículo. Foi ela que me explicou o teor da ecografia que foi feita ao meu filho e ela é que insistiu junto das outras enfermeiras para que eu o acompanhasse, apesar de estar em tão mau estado. Ela percebia tudo.
E percebeu quando eu perguntei: "Estas raparigas vão ser médicas?" A minha cama tinha sido repentinamente invadida por um bando de miúdas, de andar decidido. A mim foi-me ordenado que me despisse, sem contemplações, para que elas me pudessem palpar o corpo. Eu era apenas um exercício delas. A enfermeira estagiária acabou por desculpar-se, envergonhada: "Os cursos dos médicos ainda são diferentes dos nossos." Pois então eu faço uma sugestão: que os médicos vão estagiar com estas enfermeiras para aprenderem o quão importante é para um doente ser bem tratado, respeitado e informado acerca dos procedimentos a serem feitos.
Resumidamente: enfermeiras 5 - médicos 0.

Quanto às instalações: são boas, são novas, o meu quarto era de 4 camas, esteve sempre cheio, mas era confortável. Quanto à segurança: aos bebés é colocada uma pulseira electrónica para que não possam ser levados indevidamente. É um conforto.

7 comentários:

pedradababy disse...

Olá Carla. Antes de mais quero agradeçer muito o comentário. Veio dár-me muita força. Para mim já é o segundo parto no público. Agora que estou na recta final, às vezes arrependo-me de não ter feito um plano de saúde. Mas feitas as contas, até tenho tido muita sorte porque apanhei uma médica que, embora de clinica geral, tenta esclareçer tudo o melhor possivel e a enfermeira que atende antes (pesa, mede, etc) veio do bloco de partos do Hospital para ali, sabe muito sobre o assunto e é extremamente sensivel e atenciosa. No entanto o centro de saudo continua a ser uma palhaçada em muitas situações. Dava para escrever um livro.
Acho que fazes muito bem em fazer estas reflexões e não acho que sejas negativa mas sim realista, até porque não te poupas em elogios a quem os mereçe. E se devemos criticar os máus profissionais, também devemos elogiar os bons.
E em relação ao teu menino, vais seguir no particular ou vai ser mesmo no centro de saúde?
Beijo grande e obrigada novamente por teres dado uma força de grande significado para mim

Anónimo disse...

Carla mais uma vez parabéns! Imagino só um bocadinho do que é ouvir o nosso filho chorar e não conseguir chegar lá, imagino a angústia,o sentimento de impotência e de frustração que se eleva nestas alturas. Quero muito conhecer esse vencedor e ver-te... Eu já não senti o mesmo em relação ao pessoal da enfermaria, mas ainda em que te sentiste protegida. Reclamar e elogiar é um direito que nos assiste. Continua...

Anónimo disse...

Não sou anónima... é a Rita mãe do Afonso, da preparação para o nascimento!!!

3Picuinhas disse...

Minha querida menina,
Que tinhas imensa força já sabia, e coragem, desconfiava. Mas agora admiro a tua força de espírito e a tua lucidez. Ninguém merece ser tratado assim, independentemente das circunstâncias. Cabe a cada um de nós exigir e exercer o seu direito de escolha e, não, não permito que me dispam ou apalpem sem antes me apresentarem uma justificação para tal, quer sejam médicos, enfermeiros ou outra qualquer "patente". Esta capacidade de decisão foi conquistada e tem um nome chama-se: DEMOCRACIA.

MMSF disse...

Bem o teu relato é fotocópia do meu na maternidade onde estive, as enfermeiras eram algo de extraordinário, os seus cuidados, a sua sensibilidade mas quando vinha um médico (sem ser estagiário porque também apanhei alguns)...meu deus...o trato era outro, rispidos, com pressa como se houvesse milhões a ganhar noutro sitio não ali.
Espero que já esteja tudo bem com o teu bébé! Bjs

Anónimo disse...

Tens um miminho para ti no meu blog!

Mãe das Marias disse...

Minha cara estive agora a ler os eus post anteriores e fiquei chocada... O meu pato foi MAU, mas o teu foi bastante PIOR... Eu tb demorei algum tempo a perceber as burrices que me foram feitas e neste momento estou disposta a fazer queixa do médico! Já pensaste fazer o mesmo? Mesmo que não adiante nada, pelo menos vai ficar registado no seu curriculo!
Felizmente o terror do pato só me afectou a mim e não há minha filha... Eu levei transfusões de sangue e sõ tive alta depois dela...
Ninguém tem o direito de nos privar de um momento que deveria ser de contemplação e felicidade!
mais filhos só quando conseguir "esquecer" o que passei e SÓ de cesariana!!!

Boa recuperação e muitas felicidades, tudo se vai endireitar vais ver!

Beijos***