segunda-feira, 1 de março de 2010

Portugal entre os piores. Educação dos pais limita salário dos filhos

por Bruno Faria Lopes e Marta F. Reis, Publicado no jornal i, em 01 de Março de 2010
O fosso entre os salários das pessoas com pai licenciado e aquelas cujo pai cumpriu o 9º ano de escolaridade é mais alto em Portugal do que em qualquer outro país da Organização para a Cooperação Económica (OCDE), mostra um estudo comparativo sobre mobilidade social publicado pela organização. (...) Portugal é um dos países da OCDE onde a educação e o contexto económico dos pais mais influência tem no salário ganho pelos filhos.
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Ter um pai com educação superior sobe os salários dos filhos no mínimo 20%. O jogo social funciona também ao contrário: filhos de pais com menos do que o 9º no "tendem a ganhar consideravelmente menos".
Esta persistência salarial (e social) entre gerações verifica-se apesar das políticas públicas para criar igualdade de acesso ao factor que mais pesa na conquista por um emprego bem pago: a educação. A rigidez salarial reproduz um grau de rigidez semelhante na educação pública, confirma a OCDE. O contexto económico da família, por exemplo, tem um impacto importante nos resultados escolares, um efeito que é mais forte nos países mais desiguais.
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O ambiente na escola é outro factor importante nos resultados dos alunos - Portugal cai no grupo de países em que o ambiente escolar (a diversidade social de alunos, por exemplo) tem um peso semelhante ao da família, não conseguindo inverter a lotaria social.
"Por muito que a educação e o 'mérito' sejam importantes para entreabrir as portas de subida dos mais carenciados, o certo é que estes transportam consigo o seu próprio 'travão' que os impede de subir", comenta Elísio Estanque, sociólogo da Universidade de Coimbra [ver opinião]. "Trata-se de um processo sociocultural, quase congénito, em que o baixo estatuto herdado dos pais define um 'destino' (provável) que empurra os indivíduos para se manterem em padrões de vida idênticos ou próximos da sua origem social", acrescenta.
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Outras medidas para diminuir a desvantagem dos pais com pior contexto económico ou escolar passam por dar prioridade ao pré-escolar, essencial para diminuir os efeitos da origem social na capacidade de aprendizagem das crianças mais pequenas. Apoios financeiros apenas para educação ou maior mistura de alunos de diferentes classes sociais são outras medidas propostas.

texto integral aqui: i

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