Portugal entre os melhores países do mundo para se ser mãe. Este é o título da notícia publicada ontem no Público a propósito do relatório da Save the Children, que coloca Portugal na 13ª posição, de um conjunto de 176 países.
O relatório chama-se "Sobreviver ao primeiro dia - o estado das mães no mundo em 2013." O relatório está disponível on-line e ao lê-lo dá para perceber que os critérios valorizados são as condições de nascimento, o apoio às mães, os cuidados de saúde materna e infantil. Não tenhamos dúvidas: Portugal fez um caminho extraordinário e hoje a mortalidade infantil é muito reduzida, as mortes por complicações no pós-parto são praticamente inexistentes. O sistema de saúde nacional funciona bastante bem para mulheres e crianças. Tudo isto é maravilhoso. Mas é muito diferente de Portugal ser o 13º melhor país para ser mãe.
O envolvimento das mulheres em Portugal no mercado de trabalho é, segundo o Eurostat, superior à média europeia e isto, digo eu, está mais relacionado com os salários baixos do que com a vontade de não nos dedicarmos à família. A remuneração das mulheres em Portugal é em média inferior à dos homens que ocupam funções semelhantes. A rede pré-escolar não cobre todas as necessidades (e falarei disto, na primeira pessoa, muito em breve), sendo inexistente antes dos 3 anos. Ah, há também os preconceitos que dificultam a empregabilidade das mães e aquela coisa estranhíssima de uma pessoa querer cumprir o horário de trabalho para ir buscar os filhos à escola que está quase a fechar.
Ser mãe é mais que parir. Felizmente que em Portugal podemos dar à luz em excelentes condições. Mas falta o que se segue.
2 comentários:
Entrei no blog justamente para partilhar o relatório
http://www.savethechildrenweb.org/SOWM-2013/
Creio que é de felicitar os avanços obtidos por Portugal e é ótimo saber que estamos entre os 14 VIP a nível mundial. Sobretudo, e neste tempo de crise, há que manter este nível. Ainda assim, é relevante ver que o país vizinho se encontra 7 pontos acima que nós.
No entanto, creio que há que iniciar um novo movimento (parabéns Carla pelo blog creio que esta tua intervenção é o início de algo importante) onde se discutam temas que neste momento são mais urgentes para o futuro do país:
- queremos que a taxa de mortalidade continue a superar a de natalidade no nosso país?
- como perspectivamos a evolução da taxa de natalidade perante uma taxa de desemprego e de emigração entre casais jovens tão grande? que estratégias podemos encontrar?
- sobretudo, e nesta época em que não se houve falar mais do que cifrões e de estado, que soluções de coletividade se podem desenhar?
- a que níveis de intersectorialidade temos capacidade de chegar? Não teria sido adequado, no momento em que se encerraram tantas maternidades em Portugal, transformar o valor economizado numa inversão junto com outros ministérios para incentivar a política de desenvolvimento familiar, por exemplo?
Carla, parabéns! Demais bloggers, um grande abraço!
Continuamos estas conversas,
até breve,
Lita
Passava por aqui exatamente para partilhar este relatório!
São ótimas notícias as divulgadas. Sobretudo, é fundamental manter os níveis alcançados numa época que sabemos ser tão dificil em termos da manutenção de recursos e resultados.
No entanto, creio que a discussão neste momento deve ser outra.
Imaginem que um dia Portugal aparece neste relatório com data sem especificar porque não há relatos de nascimentos no país? Ou seja, no data to analize?
Pois é, parece-me que evoluímos a passos largos para esse cenário.
Creio que há que iniciar um movimento forte (Carla, felicito-te pela intervenção e pela pertinência do tema) que crie ferramentas para enfrentar a situação dramática que se vive neste indicador e que se materializa na vida privada/ perspetivas de futuro de cada um dos que querem/ têm filhos:
- que estratégias podemos desenhar para facer face a um taxa de natatidade tão baixa?
- fundamentalmente, que soluções de coletividade podemos encontrar?
- que nível de reforço de intersectorialidade podemos encontrar? Não teria sido adequado, por exemplo, que o valor poupado em cada maternidade encerrada tivesse sido transformado em investimento para o desenvolvimento de plataformas comunitárias que realizem medidas claras e específicas para o apoio a uma política global de desenvolvimento familiar? Think globally, act locally
Creio que há muitos vértices por limar.
Creio também que nos temos preocupado muito, e bem, com o envelhecimento mas descurando, e mal, o outro lado da pirâmide. E pensar no outro lado da pirâmide significa não só ter bons indices para os bebes e respetivas recentes mães mas também poder dar uma perspetiva de futuro decente para aqueles que querem ser pais, querem voltar ou continuar a sê-lo (dignamente).
Carla, mais uma vez parabéns! Muita força! Creio que este blog pode evoluir para algo muito grande pela pertinência do tema!
Restantes bloggers, abraço,
vamos falando,
Lita
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