A gente cresce, tem filhos e dá por nós a fazer o impensável e, ainda por cima, a gostar. Na última semana de Junho marcámos férias e fomos logo passar uma semaninha ao Algarve. A promoção de última hora mais barata que encontrámos (que agora andamos assim) levou-nos para um apartamento na Praia da Rocha e confesso que quando lá cheguei dei por mim a pensar que tinha ido parar a Benidorm . “Prédios, prédios, prédios, oh meu deus e eu que gosto tanto de Tavira, de Sagres, minha rica Praia do Amado, não podemos pelo menos ir aqui ao lado para o Alvor?” – esta era a Carla de antigamente a falar lá do fundo da memória. A Carla mais presente disse qualquer coisa como: “Minha querida, bem-vinda a tua vida real.”
Uma pessoa tem de gostar daquilo que tem, verdade? Mas esse
nem foi o caso. A casa que nos calhou na rifa era ótima e eu, da varanda, via a
praia, a serra de Monchique e o Rio Arade, coisas que me inspiravam na hora de acabar
os últimos trabalhos (ser freelancer tem destas coisas) enquanto as crianças e
o pai atravessavam a estrada e punham os pés na areia. Pôr os pés no mar é que demorava um
bocadinho mais que o areal da Praia da Rocha nunca mais acaba. Entregue cada
trabalho lá ia eu mergulhar no mar, numa espécie de recompensa que me dava a
mim mesma. Foi tão bom que dei por mim a pensar “Se algum dia mudarmos de casa,
vamos para um sítio em frente ao mar, nem que seja Benidorm.” Esta era a Carla
de um futuro muito hipotético, mas a Carla mais presente não disse nada. Será
que concordou com o plano?
1 comentário:
estou a adorar este blog ... estou a lê-lo de uma ponta à outra ...
Enviar um comentário