sexta-feira, 4 de abril de 2014

Contributos para a comissão para a natalidade I

Está mal. Não fui convidada para fazer parte da comissão para a natalidade, recentemente constituída, eu que penso há tanto tempo no difícil que é ser mãe neste país. Mas felizmente a minha colega Cuca enviou-me uma entrevista ao Público em que o professor Joaquim Azevedo explica:
A ideia é fazer uma proposta de política que seja coerente e também adaptada ao contexto em que vivemos.
Obrigada, Cuca!

É por isto que está mal não me terem convidado, porque eu vivo mesmo neste contexto. Isto é, apesar de ser uma privilegiada por ter um emprego mesmo fixe, de ser uma privilegiada por ter um marido que é trabalhador independente mas que ainda assim vai conseguindo cobrar, por ser uma privilegiada por ter já 2 filhos, sinto-me neste momento impedida pelo contexto de ter o terceiro filho.

Bom, em vez de me queixar, e dizer que as casas não esticam, os orçamentos encolhem, blabláblá, tenho uma proposta sistémica. Assim:

       1. Apoiar financeiramente ou através de incentivos fiscais, as empresas que empreguem, ou tenham como empregadas, mulheres com filhos. Por cada filho que uma empregada tenha, a empresa que a emprega deve ganhar um bónus. Esta discriminação positiva resolverá o problema da empregabilidade e do valor de mercado das mulheres com filhos. A mulher com filhos deixará de ser um peso na empresa mas uma ajuda real à sua tesouraria.

2. Como ter um filho passa a ser um fator competitivo, reduz-se drasticamente o risco de pobreza das famílias com crianças que era, da última vez que vi, mais do dobro do que o risco de pobreza das famílias sem crianças. Quanto mais filhos uma mulher tiver, mais competitiva se torna para o mercado de trabalho.

3. Como as empresas passam a ter mais dinheiro por cada filho que cada empregada gera, esse valor pode ser empregue na contratação de mais pessoas que possam contribuir para o desenvolvimento das tarefas das mães, sobretudo quando as mães têm de se ausentar no primeiro ano pelas maleitas dos filhos.

Uau! Acabámos de diminuir o desemprego e fizemos mais filhos!

Amanhã há mais!

2 comentários:

MP disse...

Olá!
Terá cabimento ser sempre o dinheiro a cenourinha com que se põe o país a andar para a frente? Porque enquanto assim for, enquanto tudo for uma questão de premiação e incentivo fiscal, não estamos realmente a mudar nada e muito menos a consciência. E, não mudando a consciência, acabaremos por dar dois passos a atrás novamente quando o dinheiro escassear ainda mais.

Uma das pessoas mais inteligentes, cultas e competentes que eu conheço faz processos de recrutamento na empresa onde é director financeiro. Disse-me ele, há dias, que se lhe acontecer, ao longo de um processo de recrutamento, chegar ao fim hesitante entre duas pessoas iguais em competências, capacidades e provas prestadas, escolhe a que for mãe. Não tem incentivo fiscal, mas acredita piamente que uma mãe tem uma capacidade extra para gerir tempo e tarefas, uma sensibilidade aguçada e uma forma pragmática de resolver impasses, dúvidas e conflitos. É claro que podemos achar que isto também é discriminação, contra as que não são mães. Mas o que eu queria dizer é que ele o faz por consciência das competências, e creio que isso é o que faz falta neste país, desde sempre: consciência.

Um abraço,

MP

B. disse...

Vai. http://www.portugal.gov.pt/pt/o-meu-movimento/o-que-e/o-que-e.aspx