terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Testemunho da Ana

A Ana deixou este comentário aqui no blog. Como acho que é importante, resolvi publicar algumas partes:
Sou grávida de 2a viagem, e tal como a minha primeira gravidez, estou a ser novamente seguida pelo privado. Para isso fiz um seguro de saude (Medis) uns tempos antes de engravidar, já a contar com isso. Dou-te os parabéns pela coragem com que te atiras aos lobos do SNS. Eu desisti, e acredita que, apesar do seguro de saúde, bem tentei ser assistida no público. Nunca tive aulas de preparação para o parto, em muito por causa do seu valor. Nem sabia que se podiam fazer nos hospitais... Na minha primeira gravidez, resumi-me a assistir aos encontros gratuitos oferecidos por lojas de artigos de bebé (Prenatal e Toys'R'Us).
Descobri recentemente, e por acaso, que não tenho que pagar as analises clínicas que me são receitadas (cada análise ficava-me numa média de €150, mesmo com seguro, na primeira gravidez), porque estou isenta. Mesmo nesta gravidez, quando me dirigi ao centro de saúde para que me fossem passadas as análises pelo SNS, ninguém me informou que estava isenta: paguei menos, mas paguei. Só o descobri à dois meses atrás.
Descobri ainda que a minha baixa médica (estou em reposo desde Setembro passado), é reembolsado a 100% em vez dos 65% que tenho estado a receber, por se tratar de uma gravidez de risco. Como descobri? Por acidente, num outro blog de alguém nas mesmas condições que eu...
O meu parto, faço questão de o fazer na MAC, por questões de segurança. Afinal é para lá que se leva um bebé nascido num hospital privado, se alguma coisa corre mal... Quem não gosta da piada é o meu obstetra, que apesar de trabalhar na MAC, está habituado a receber comissão pelos partos feitos às grávidas que acompanha no privado...
Já me dirigi à Segurança Social para pedir o famoso subsídio de natalidade por três vezes. Ainda não o consegui pedir. Na primeira, em Setembro, ainda não sabiam como funcionava, nem tinham impressos (apesar de o anúncio aparecer na tv há uma ou duas semanas). Na segunda lá me deram os impressos, incluindo o tal que tinha de ser preenchido pelo obstetra. À terceira, afinal precisavam de mais uns tantos papeis: fotocópias de BIs e contribuintes (meus, do meu marido e filha - com 2 anos, ainda sem contribuinte: tive de o pedir!!!), declarações de IRS (a nota de liquidação não chega). Ao todo 21 fotocópias, acrescidos dos respectivos impressos. É assim que está o nosso pais. As poucas coisas boas que nos dão, temos que as descobrir por nós mesmas. Quem é que adivinha???


Obrigada, Ana! E parabéns pela pequerrucha que já nasceu! Se não formos nós a escavar os nossos direitos, ninguém nos diz onde encontrá-los. Por isso é que é importante que se fale sempre, alto e bom som, do que podemos e do que não podemos fazer.

1 comentário:

MMSF disse...

Vi este testemunho e identifiquei-me completamente. Só agora na fase final é que estou a ser acompanhada em público, estou em casa de baixa e é incrivel o que se tem que andar para conseguir as coisas pelo SNS, mas que se consegue consegue...cansa mas consegue!Eu no HSFX andei lá num sobe e desce e queriam marcar uma consulta de parto depois da data prevista de nascimento do miudo...preferi pagar 1 pouco mais mas não ter que andar a correr de 1 lado para o outro.