sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Histórias da preparação para o parto (que ainda nem começou)

A preparação para o parto é grátis no Sistema Nacional de Saúde. Nas maternidades da área de Lisboa, uma consulta de fisiatria é o suficiente para aceder às aulas de discussão e preparação para o parto. Na Maternidade do Hospital Dona Estefânia (MHDE), essas sessões, seis no total, decorrem às segundas e às sextas-feiras, a partir das 14h00. As grávidas têm direito a uma aula semanal, que só acaba quando todas as dúvidas forem esclarecidas. Depois da consulta de fisiatria, basta esperar por uma vaga, que deverá aparecer antes dos sete meses de gravidez. É nessa fase que me encontro agora, à espera. E, apesar do processo de inscrição ser simples, é claro que o meu processo tinha de ter alguns fait-divers. Caso contrário, este blogue era uma chatice.

Depois de aconselhada pela minha médica de família, fui à MHDE para marcar a consulta de fisiatria. Na secretaria da Maternidade, o senhor que me atendeu nem sequer sabia o que isso era... Na secretaria da consulta de urgência e de gravidez de risco, a senhora (que lanchava alegremente com o namorado, nos bastidores do balcão) lá me deu um número de telefone, porque a secretaria desta consulta, a esta hora já estava fechada... Realmente, só eu para me lembrar de ir a um serviço público depois do horário de expediente que... coincide com o meu! Para a próxima digo ao meu director:"Olha, vou ter de sair duas horas mais cedo para marcar uma consulta." Adiante.

Consegui telefonar e a conversa que se seguiu não podia ser mais... cómica? Exasperante? Infeliz? Ora vejam:
eu - Estou? Boa tarde. Queria marcar uma consulta de fisiatria, para fazer a preparação para o parto.
a funcionária - E está a ser seguida aqui na maternidade?
eu - Não, mas vou ter o bebé aí.
a funcionária - Ah! Então não tem direito.
eu - Eu acho que tenho. Foi a minha médica de família que me disse.
a funcionária - Não. Estas consultas são só para as grávidas que estão a ser seguidas aqui na maternidade.

Neste ponto eu penso: As grávidas seguidas na MHDE são as de gravidez de risco. Acho que estas não se vão pôr a fazer ginástica. Nem precisam... O mais provável é que os bebés nasçam de cesariana.

eu - Olhe que eu estive a informar-me e sei que tenho esse direito.
a funcionária - Ah pois! Eu também não sou a secretária do serviço! Não tenho que saber estas coisas! A secretária está ocupada, espere um momento que eu vou perguntar como é.

Neste momento, eu agradeci a preocupação e disse que voltava a ligar mais tarde. Nem valia a pena refilar. Mas se eu não tivesse insistido, a esta hora ía a caminho de um privado, para exercer um direito!
Quando voltei a ligar, falei com a secretária e tudo se processou com normalidade. Dei algumas informações e marquei a consulta para dia 19 de Setembro. Uma hora certa é que não, que eu estivesse lá a partir das 14h00 e as consultas se processariam por ordem de chegada...

No dia combinado e um bocado antes da hora, por causa da ordem de chegada, entrei no serviço de fisiatria. Na secretaria informaram-me que eu era a quarta pessoa da lista e pouco depois percebi que algumas grávidas estavam lá desde manhã. Para próxima já sei! Digo ao meu director: "Olha, vou ter de sair duas horas mais cedo para marcar e ter uma consulta." E não te preocupes que como esta sandes no caminho... O tempo estimado para o atendimento era, segundo a secretária, de 45 minutos. Uma hora e meia depois, chamavam finalmente por mim.

A médica era competente e até me pediu desculpas pelo atraso (milagre! ou terá sido por entretanto eu ter feito uma reclamação no livro amarelo?). A consulta era apenas um questionário oral que abordava coisas como: semanas de gravidez, sangramentos, líquido amniótico, dores nas costas, pés inchados... Nem uma medição de tensão arterial ou da altura da barriga. No fim a médica concluiu que eu estava saudável e portanto apta para a preparação.

Primeiro irritei-me. Por que raio não me fizeram estas perguntas por telefone ou me pediram para preencher uma ficha. E depois pensei na parte da conversa em que a médica se espantou, porque eu sabia exactamente a semana de gravidez e a data provável do parto. A grávida atendida antes de mim, pensava que tinha mais semanas do que eu e mesmo assim programava o parto para depois, contou-me a médica. E aqui está um exemplo de que o SNS é mau por causa dos utentes que tem. Se toda a gente fosse consciente, pelo menos, do estado de saúde próprio, se calhar as coisas andavam mais depressa. E eu não tinha de reivindicar tanto!!!

2 comentários:

Ana Adega disse...

sou uma assídua leitora do teu blogue, por ser uma forma de te ter perto e ir acompanhando a tua gravidez... também comecei a escrever um após ter percebido que é um óptimo registo de diário, portfólio, para mais tarde recordar. wwww.estoriasdemaesonhadas.blog.com
Fico à espera das tuas visitas!

Carla Macedo disse...

amiga! esta direcção que me deste deve estar errada. manda a correcta para irmos ver o blog!