segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Estacionamento para deficientes mentais no Freeport

No fim-de-semana passado tive a excelente ideia de ir ao Freeport de Alcochete e descobri uma super inovação no parque de estacionamento: o estacionamento de automóveis para deficientes mentais. A zona é exactamente a mesma definida para deficientes motores, grávidas e pessoas de mobilidade reduzida. O sinal para deficientes mentais ainda não foi colocado, mas os deficientes mentais ao volante, pelo que vi, já sabem que têm esse direito.
O parque do centro comercial estava cheíssimo. Eu disse ao meu marido: estacionamos longe para não nos chatearmos com isto. Mas nem longe dava. Quando estávamos a passar pela segunda vez na zona reservada às pessoas com mobilidade reduzida, íamos sendo atropelados por um TT tipo Grand Touran, que disputava um lugar de deficiente com outro carro ligeiramente mais pequeno. Como nós andamos de Clio, nem pensámos em entrar na disputa.
Mas depois eu disse ao João "pára aí que eu quero ver que tipo de deficiência tem este senhor." Entretanto saí do carro e fui recebê-lo à porta, com a minha barriga gigante. Ele ficou atrapalhado e eu expliquei (como se fosse preciso explicar) que estou grávida. "Se não se importa, deixa-me estacionar aí." O senhor assentiu, tirou o carro e nós pudemos estacionar o nosso. A seguir a estacionarmos, chegou um Mercedes. A senhora que o conduzia e o seu bem vestido filho adolescente, não tinham qualquer sinal de mobilidade reduzida, mas estavam todos contentes porque tinham conseguido um lugar mesmo à porta...
Nesta altura fui procurar um segurança. Expliquei-lhe que estavam pessoas ditas normais, a estacionar ali, o que fazia com que pessoas com dificuldades motoras reais não conseguissem estacionar em lado nenhum. "E o que é que senhora quer que eu faça?", perguntou-me o segurança. "Quero que vá para ali, garantir o cumprimento das normas." Nesta altura o senhor disse que não ía porque quando fez isso "no princípio, mandavam-me para o outro lado". Humm... Então para que é que servem os senhores seguranças?
Parece-me incrível que as pessoas conduzam à campeão para conseguirem um lugar ao pé da porta, que não respeitem quem tem mais dificuldades em mexer-se dificultando-lhes ainda mais a vida, que sejam tão indiferentes aos outros. E é igualmente inverosímil que um segurança possa responder isto a um cliente, quando é tão evidente que os seus direitos básicos estão a ser lesados. Mas é verdade.
E depois há a registar a reacção do Freeport de Alcochete. Hoje liguei para lá e expus a situação. Expliquei que queria fazer uma reclamação formal, contei o que me tinha respondido o segurança. O senhor disse que não podiam fazer nada "porque saiu uma nova lei que dá a jurisdição dos parques de estacionamento à GNR." "E sabe dizer-me qual é o artigo?" É claro que o senhor não sabia... E quando eu sugeri para que a empresa chamasse a GNR, para regular a situação, pelos menos durante o fim-de-semana, o senhor respondeu que também não podiam fazer isso. Mas que se eu voltasse ao Freeport, podia "da pirâmide de informações, telefonar para a GNR." Obrigadinha pela esmola!
Portanto, o Freeport de Alcochete não vai por cobro a esta situação, apesar de, segundo me informou o mesmo senhor, já não ser a primeira queixa. O Freeport de Alcochete sabe que há uma situação irregular recorrente dentro do espaço que administra mas nem por isso vai tomar medidas. Só posso concluir que o Freeport privilegia os atrasados mentais ao volante preterindo as pessoas com mobilidade reduzida. Eu, tenha ou não tenha mais dias de dificuldades motoras, não volto a ir ao Freeport de Alcochete. É o meu protesto.

5 comentários:

pedradababy disse...

hahahahahahaha, se fosse só no freeport, isso é o pão nosso de cada dia em qualquer superficie comercial que tenha os ditos lugares reservados. São mais que muitos os defecientes mentais que se encaixam nessa descrição em Portugal.
Beijinhos

Luísa disse...

É a primeira vez que comento aqui.
Eu costumo dizer que anda por aí uma epidemia de homens grávidos, quando vejo individuos do sexo masculino novos, sem crianças e aparentemente no máximo da força física a sair de carros estacionados nesses locais. No Corte Inglês, durante a gravidez obriguei um segurança a expulsar uma senhora não grávida e sem crianças de um lugar desses para eu estacionar.

Posso linkar este Post?

Beijinhos

Carla Macedo disse...

Olá Luísa,

linka à vontade. a ideia é mesmo espalhar a palavra!

bj

Kella disse...

Olá!
Não posso deixar de comentar dando-te total razão. Vou ao Freeport muitas vezes pois fica perto de onde moro e já vi isso acontecer muitas vezes. Mesmo há 3 semanas atrás, estacionei num desses lugares prioritários pois a minha barriga me dá esses direitos e a meu lado estaciona um senhor, sózinho, sem o mínimo indício de limitação física.Fulminei-o com o olhar e disse que em princípio, que eu soubesse, o sinal era bem explícito...claro que não me ligou nenhuma e continuou. O segurança da entrada acho que se apercebeu e tb n fez nada. Enfim...

Happy Belly disse...

Vim cá para através do blogue da Simone.
Adorei este post, o das finanças também. Identifico-me com ambos.
Quanto a este, do estacionamento admito, sou uma pessoa furiosa, agora uma grávida furiosa. Muitas vezes tenho vontade de pegar num baton e escrever no vidro do carro dos outros " sou deficiente mental". Se algum dia vires um vidro assim, eu estava lá!
Não costumo dizer nada porque prefiro não me irritar, mas no outro dia, no Corte Inglês, uma "senhora" daquelas tipo tia professora, passou-me à frente na caixa. Eu não resisti. Perguntei: Desculpe, a senhora não tem vergonha? Não vê que estou grávida? Passa-me à frente? É de lei que seja eu a primeira a ser atendida, e é também de bom tom não passar à frente. Ahhh, que não a vi. Desculpe, e tal!
E tal nada, tenha mais atenção porque eu só dou passagem a quem está pior que eu, e para mim, senilidade não é prioridade!
Fiquei com taquicardia de tão danada, mas depois rebolei vitoriosa!!
Quem cala consente!